Toda sistematização da política de incentivo ao turismo no Brasil leva em consideração as questões da sustentabilidade, da preservação ambiental, da acessibilidade e da inclusão. A afirmação foi feita, nesta quarta-feira (14/5), pela ministra do Turismo, Daniela Carneiro, durante audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado.
Uma das premissas do Ministério do Turismo é a reconstrução do setor com foco na preparação dos destinos turísticos nacionais para as mudanças climáticas, de forma alinhada aos objetivos de desenvolvimento sustentável constantes na Agenda 2030 da ONU.
Nessa linha, Daniela Carneiro citou como prioridades o fortalecimento da governança e da gestão do turismo aliado à melhora na infraestrutura e na estruturação dos destinos, qualificação profissional, com fortalecimento do Brasil nos organismos internacionais de turismo, recomposição orçamentária da pasta, conectividade aérea, reconstrução da área de dados e inteligência.
“A prioridade da nossa gestão é retomar as obras que estão paradas e dar andamento a 1.975 contratos ativos, que representam investimento de R$ 2,4 bilhões. Obras como pavimentação e acesso aos destinos turísticos, como o Centro de Convenções de Campina Grande, na Paraíba”, relata a ministra.
O fortalecimento da presença do Brasil em comunidades internacionais é uma das ações em andamento, segundo Daniela. De acordo com ela, a pasta já está em processo avançado de negociação para que seja instalado no Brasil o Primeiro Escritório da Organização Mundial do Turismo para a Região das Américas com foco na sustentabilidade. A unidade ficará no Rio de Janeiro ou em Brasília.
A ministra citou ainda como passo importante o fato de o Brasil assumir a presidência da Reunião de Ministros do Turismo no Mercosul, no segundo semestre deste ano, e sediar a próxima reunião do grupo, em Foz do Iguaçu (PR).
Daniela citou pesquisa do Conselho Mundial de Viagens e Turismo segundo a qual o setor de turismo vai gerar R$ 752,3 bilhões em 2023. A atividade movimentará 7,8% do PIB brasileiro, encerrando o ano com 7,9 milhões de empregos diretos e indiretos. De acordo com o estudo, o turismo é o segundo maior gerador de empregos no país, atrás apenas da construção civil.
Turismo de base comunitária e religioso
Daniela Caneiro também anunciou, como uma das prioridades da pasta, o trabalho conjunto com os Ministérios dos Povos Indígenas, da Igualdade Racial e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar para alavancar o turismo de base comunitária. Ela explicou que o objetivo é impulsionar, no Brasil, o turismo em comunidades originárias, como indígenas e quilombolas.
Já foram selecionadas quatro grupos originários para iniciar o projeto: as comunidades indígenas Borari, no Pará, e Raposa 1, em Roraima; a Terra Quilombola Laranjituba e África, também no Pará; e o Quilombo Povoado Moinho, em Goiás.
“Estamos organizando esse projeto, que brevemente a gente vai estar lançando, de modo a possibilitar às comunidades originárias o desenvolvimento econômico e social por meio do turismo, da preservação das suas culturas e dos seus saberes”, detalha.
Jaques Wagner (PT-BA), líder do Governo no Senado, questionou a ministra acerca dos projetos para o setor de turismo religioso. O senador deu exemplo da Bahia após a criação do Santuário Santa Dulce dos Pobres, em Salvador, que teve um grande aumento no fluxo de turistas após a inauguração.
A ministra respondeu ao senador que o ministério tem realizado estudos para fortalecer o turismo religioso no país, importante área do setor no Brasil.
Passagens aéreas
Outra ponta de atuação, de acordo com a ministra, é a busca pela redução dos preços das passagens aéreas. Ela disse que a pasta tem dialogado com empresas do setor e com outros ministérios na tentativa de tornar o bilhete mais acessível.
“Estive reunida com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e ele já propôs uma conversa com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e nessa conversa, é claro, é uma concentração de forças, não depende só do Ministério do Turismo, não depende só de Minas e Energia, enfim, são vários atores. Mas o resultado já está aparecendo, é algo que, claro, a gente quer priorizar, mas é de médio e longo prazo”, relata Daniela Carneiro.
“Mas 35% de queda do preço do querosene de aviação já impactou na redução de 17,73% no preço das passagens aéreas. É claro que isso nos alegra, mas a gente quer democratizar o acesso a viagens, para que as pessoas possam ter esse acesso e viajar mais de avião”, finaliza.
Recomposição orçamentária
Para avançar no plano estruturado de incentivo ao turismo, Daniela Carneiro disse que o diálogo com o Congresso Nacional é fundamental e precisa ser constante. Ela citou como exemplo o orçamento da pasta para áreas finalísticas, que é de apenas R$ 19 milhões.
O valor é direcionado para tocar obras, apoiar eventos e promover o turismo. Ela defendeu a recomposição do orçamento, o reconhecimento e a valorização do setor como grande impulsionadores da economia.
“Lógico que as emendas parlamentares são importantes. Deputados que reconhecem o valor e a importância do turismo, mas a recomposição do orçamento do ministério vai atender muito aos pedidos de prefeitos, as demandas municipais que são muito importantes para impulsionar o turismo das cidades e desenvolver a economia e a geração de emprego”, explica.
Com informações da Agência Senado