Ao me aproximar do terreno da Casa das Culturas do Mundo, a poucos metros da escada que leva ao terraço e a uma das vistas mais lindas de Berlim, chegava aos meus ouvidos a melodia de “Maracatu Atômico”.
É nesses momentos que parece que o Brasil é logo ali, ao usar a ferramenta da memória cultural-musical. Um outro Brasil, o da realpolitik, vem sendo desmantelado todos os dias, mas a voz de Gil nos remete ao país dos nossos avós.
Tava tudo ali: o Gil, o Chico Science, o mangue beat.
Não é exagero dizer que os deuses ficam em festa quando Gil chega por aqui.
Ele, que é prata da casa, quando agenda show em Berlim, faz questão de que seja na Casa das Culturas, lugar onde atuou como o embaixador da cultura brasileira na época em que era ministro do governo Lula.
O Gil que se mostrou durante a passagem de som com “Maracatu Atômico” era lindo em dose dupla.
O vigor no palco, o solo pauleira depois da última estrofe de “Maracatu” com o filho Bem, surpreendeu a todos que espiavam a passagem do som sentados nas cadeiras de praia e enrolados em cachecóis e protegidos por capas de chuva.
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