Gleisi considera inaceitável ameaça de corte dos recursos do Bolsa Família

Gleisi considera inaceitável ameaça de corte dos recursos do Bolsa Família

Em artigo semanal, senadora lembra importância do programa, especialmente em momento de criseEm sua coluna semanal, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) defende a manutenção dos investimentos federais no programa Bolsa Família. Para a senadora, é inaceitável fazer esse tipo de economia para pagar juros, principalmente agora, neste momento de crise, em que o desemprego aumenta. 

Contra o corte do Bolsa Família, por Gleisi Hoffmann 

Com todo respeito ao ministro Joaquim Levy, não é razoável impor um superávit primário agora ao orçamento de 2016, ainda que seja de 0,7%. Assim como é uma sandice cortar 10% do Bolsa Família, principalmente porque entramos em um período de aumento do desemprego e piora da economia no país. 

Diz-se que as contas públicas estão descontroladas, mas nada se fala do custo dos juros que as dilaceram! 

Não é possível, razoável, justificável, impor uma economia no orçamento para pagar juros, cujos custos já acumulam mais de R$ 400 bilhões ao ano, e beneficiam cerca de 1% da população, em razão da alta da Selic, e reduzir o Bolsa Família, um programa que custa ao ano R$ 25 bilhões e beneficia 20% da população. Que inversão é essa?! 

Atrás de discursos bonitos feitos pelos mercados sobre equilíbrio fiscal, lição de casa, gastar o quanto se ganha, enfeitados pelo argumento fácil de que basta vontade para vencer na vida, vem a velha receita de manter para os ricos e retirar dos pobres! 

Não podemos aceitar passivamente esse tipo de argumentação, achando que faz parte da natureza das coisas! 

Ora, o desequilíbrio financeiro que vivemos nada tem a ver com o Bolsa Família, com aumento de recursos para educação, sempre tão cobrados pela sociedade, com os investimentos no social. Tem a ver com juros, com a exorbitante Selic de 14,25%, arbitrada pelo Banco Central, que se transforma em quase 300% ao ano para quem usa cheque especial! 

Será que precisamos de uma taxa de juros tão alta para equilibrar as operações de crédito subsidiadas pelo governo, como diz o mercado, ou temos subsídios para o crédito porque o sistema financeiro não gosta de correr riscos e por isso não empresta?! 

A última pérola para o discurso vicioso seria o Banco Central, como ventila-se, aumentar mais os juros para conter a inflação. Com o PIB no chão, o consumo das famílias em baixa e o crédito minguando, qual seria o efeito de um aumento da Selic?! 

Com certeza aumentar os ganhos de quem vive do mercado financeiro, aquele pequeno percentual da população de quem falamos anteriormente. Ainda que isso melhore a taxa do câmbio, não melhorará a economia, nem a vida das pessoas. 

Em um país especulativo, cuja elite está mais preocupada com seus ganhos do que com a ordem democrática, precisamos ficar firmes para defender os avanços sociais e mediar os anseios da população. Sem golpe! Sem retrocessos! 

 

*Gleisi Hoffmann é senadora da República pelo Paraná. Foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional. Escreve no Blog do Esmael às segundas-feiras.

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