A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), uma das vozes mais atuantes na defesa da presidenta Dilma Rousseff durante a sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, elogiou hoje (26) o depoimento do consultor jurídico Geraldo Prado de Prado, como testemunha de defesa, quando ele afirmou ser importante o “respeito às regras” jurídicas no processo.
“Mas aqui não há respeito. Por isso dizemos que é um golpe, uma farsa. Uma decisão do Ministério Público Federal diz que as pedaladas não são crime porque não são operação de crédito. O que não é considerado crime pode ser considerado crime pelo Senado?”, questionou Gleisi.
“Estamos fazendo aqui um rito à procura de conteúdo. O que foi feito no TCU é um conluio. A tese das pedaladas foi gestada pelo Tribunal de Contas. É vergonhoso. Não querem sequer que tenhamos direito à indignação? A quem vamos recorrer? Será que vamos poder recorrer ao Supremo Tribunal Federal quando a nossa Constituição é vilipendiada?”, disse a senadora, à frente de Lewandowski.
Ao mencionar o TCU, Gleisi se referiu ao depoimento do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Antônio Carlos Costa D’Ávila Carvalho Júnior, como testemunha de acusação, entre a madrugada de ontem e a manhã de hoje. No depoimento, ficou evidente que o auditor auxiliou o procurador do Tribunal de Contas da União (TCU) Júlio Marcelo de Oliveira na elaboração da análise das contas do governo Dilma em 2015 para o TCU. Oliveira também depôs ontem como testemunha de acusação.
D’Ávila admitiu que Júlio Marcelo pediu sua ajuda para elaborar o documento, que se tornou a principal peça de acusação contra a presidenta Dilma. “Está claro que quem criou a tese das pedaladas foram exatamente essas representações. É kafkaniano o que estamos vendo”, disse pela manhã o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo.
Apesar do clima tranquilo da fase noturna do julgamento, em contraste com o que ocorreu pela manhã desta sexta-feira, houve outro momento tenso. Ao tentar se pronunciar, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi barrado por Lewandowski. Segundo o ministro, o senador petista estava ignorando acordo feito mais cedo, pelo qual deveria haver motivos justificáveis para usar a palavra e indeferiu a fala do parlamentar.
Rede Brasil Atual
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