Depois de criar 22 milhões de empregos com carteira assinada ao longo dos governos petistas, o Brasil já perdeu 3,3 milhões desses postos de trabalho qualificados desde 2014, quando as forças de direita deflagraram a ofensiva que resultou no golpe de 2016. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada nesta quarta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento também comprova que a reforma trabalhista — revogação de direitos imposta pelo governo Temer como panaceia para acabar com o desemprego —apenas serviu para substituir o vínculo empregatício formal pelo trabalho precário: a redução do número de pessoas desocupadas entre outubro e dezembro de 2017 foi de 650 mil, enquanto 685 mil empregos com carteira assinada que deixaram de existir.
No último trimestre de 2017, período investigado pela PNAD, a desocupação caiu apenas 0,6 ponto percentual e o país registra agora uma taxa de desemprego de 11,8%, contra 12.4% do trimestre anterior e 12% no mesmo período no ano passado. A taxa média anual de desemprego saltou de passou de 11,5% em 2016 para 12,7% em 2017, a maior da série histórica da pesquisa. De 2014 a 2017, a média anual de desocupados passou de 6,7 milhões.
“O número de empregados com carteira de trabalho assinada (33,3 milhões) ficou estável frente ao trimestre anterior (julho-setembro) e recuou 2% (menos 685 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2016. Comparando-se as médias anuais de 2014 para 2017, esse contingente se reduziu em 3,3 milhões”, informa o IBGE.
O material divulgado pelo instituto apresenta as principais movimentações observadas no mercado de trabalho brasileiro desde o início da série da PNAD Contínua, em 2012. Na comparação, foram confrontados 2017 (último ano da série) com 2016, 2012 (primeiro ano da série) e 2014, ano no qual o mercado de trabalho brasileiro apresentou a menor taxa de desocupação nos seis anos de série histórica da pesquisa. De 2012 para 2017, população desocupada cresceu 6,5 milhões.
Um aspecto preocupante revelado pelo estudo é que o País não foi capaz de gerar empregos, em 2017, sequer para absorver as pessoas que ingressaram na força de trabalho ao longo do ano: enquanto esse contingente (de 103,9 milhões de brasileiros) cresceu 1,7% (mais 1,7 milhão de pessoas) em relação a 2016, a desocupação aumentou 1,5 milhão.
De 2014 a 2017, a população desocupada passou de 6,7 milhões para 13,2 milhões (aumento de 6,5 milhões), chegando a quase dobrar no período (96,2%). Foi em 2014 que o mercado de trabalho brasileiro registrou os menores níveis de desocupação desde o início da série da pesquisa (2012). No confronto de 2017 com o ano anterior, verificou-se o aumento de 1,5 milhão no contingente de desocupados. Embora este acréscimo fosse inferior ao observado na comparação de 2015 com 2016 (3,2milhões), verificou-se que a desocupação continuou a crescer.