Gleisi Hoffmann: balbúrdia política de querer ganhar a qualquer custo, de querer derrubar a presidenta Dilma não serve para o desenvolvimento do PaísO movimento oposicionista para derrubar a presidenta Dilma Rousseff é tão forte que a imprensa, neste final de semana, já montava até os cenários em uma eventual saída do PT do Palácio do Planalto este ano. Em discurso ao plenário, nesta segunda-feira (6), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) desclassificou esse tipo de discurso e reiterou que, apesar das criticas ao governo fazerem parte da democracia, não se pode aceitar qualquer tentativa de golpe. “O golpe não serve a nossa democracia”, afirmou.
A parlamentar disse ainda ter ficado assustada com o esforço do PSDB, durante a convenção da legenda no último domingo, de fazer um chamado à população brasileira para que pudesse contestar a legitimidade do governo Dilma.
“E o tempo inteiro, nos discursos que nós ouvimos nessa convenção, a palavra ‘desfecho institucional’ e ‘apoio do povo’ estavam juntas, por quê? Porque esse partido sabe que, qualquer outro movimento que ele queira fazer, vai ser acusado de golpista”, afirmou Gleisi.
Ela enumerou as tentativas do PSDB de criar um clima de “terceiro turno no País. Entre elas, o questionamento do partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), logo após o pleito de 2014, em relação ao processo eleitoral e a votação na urna eletrônica. Posteriormente, tentaram impedir a diplomação de Dilma, questionando as contas da campanha – que foram posteriormente aprovadas pelo TSE.
Agora, o movimento de pedido de impeachment concentra-se em frentes como a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que averigua esquemas de corrupção na Petrobras. Gleisi chama atenção para o tratamento diferenciado que as doações empresarias recebe quando destinadas à oposição, nos seguidos vazamentos seletivos da investigação: são válidas quando direcionadas ao PSDB e criminosas se destinadas ao PT.
“Quer-se dizer que o dinheiro que financiou a presidenta Dilma era um dinheiro comprometido. O dinheiro que financiou o candidato Aécio Neves não era um dinheiro comprometido”, criticou a senadora.
Outra frente que tenta argumentar contra a presidenta é o das chamadas “pedaladas fiscais”. Trata-se do uso de recursos da Caixa Econômica Federal para o pagamento de benefícios sociais – prática que ocorre desde o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Então, acho que nós temos que parar. Não dá para este País viver numa situação como esta. Essa balbúrdia política de querer ganhar a qualquer custo, de querer tirar a presidenta Dilma da Presidência da República não serve para o desenvolvimento do País, não serve à sua estabilidade, não serve ao fortalecimento das suas instituições”, destacou Gleisi.
De acordo com a senadora, o País passa por dificuldades, mas não uma crise econômica. Ela citou exemplos de como a economia vem se recuperando, como o resultado positivo da balança comercial no primeiro semestre deste ano – de US$ 2,2 bilhões – e a visão de analistas econômicos estrangeiros, divulgadas em junho pelo jornal Valor Econômico, de que a perspectiva da economia nacional é positiva.
Debate acalorado
A defesa de Gleisi ao governo mexeu com os brios dos parlamentares da oposição. Em aparte, o senador tucano Aloysio Nunes (SP), visivelmente nervoso, tentou rebater o argumento de que a oposição tenta promover um golpe no País. “A senhora está abusando do direito de nos atacar”, chegou a dizer o parlamentar.
“Não lhe chamei de golpista. O senhor vestiu a carapuça. Falei que o PSDB e a oposição têm atitudes golpistas”, rebateu a senadora.
Aloysio ainda tentou questionar a situação econômica brasileira – assim como o colega de partido, Ataídes Oliveira (TO), mas o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), também em aparte, lembrou que o cenário não é caótico. “Já ouvi dizer que nível ótimo de desemprego é 10% [o do Brasil é de cerca de 8%]. O Brasil ainda é a sétima economia do mundo. Por isso ainda acredito no País”, disse Raupp, reconhecendo na sequência que há uma campanha deliberada para derrubar a presidenta.
“Querem criar um clima de que tudo está ruim, de que tem desgoverno, de que Dilma não tem credibilidade e, portanto, a solução seria a saída da presidenta. O que fazer dependendo do tipo de afastamento. Só posso chamar isso de golpe. Não há outra forma de avaliar. Sinto muito se isso ofende vossas excelências: o que vi no congresso do PSDB foi isso”, finalizou Gleisi.
Leia mais:
Gleisi critica ódio e preconceito que vem tomando conta da política no Brasil
Colunista descreve os caminhos sórdidos na tentativa de golpe contra Dilma