Gleisi Hoffmann: “Lula, crescendo diariamente, significa que a população quer o projeto político que privilegie os mais pobres, os trabalhadores”A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) alertou, nesta quarta-feira (27), em plenário, que no programa “Ponte para o futuro” apresentado pelo PMDB para nortear as decisões de um possível governo Temer surge a perspectiva pessimista de um governo que inverterá as pautas prioritárias elencadas pelo povo, em que o Brasil deixará de ter um Estado ampliado e passará a ser um Estado mínimo, que só atenderá aos interesses do mercado especulativo, grandes empresas – hoje representadas pela Fiesp e outras entidades patronais – e a elite do País.
“O pano de fundo confeccionado pela nossa oposição começa a cair, e as pessoas começam a entender a gravidade deste momento com o golpe que se quer dar. Lula, crescendo diariamente, significa que a população quer o projeto político que privilegie os mais pobres, os trabalhadores e que deixa o Judiciário trabalhar. O golpe dá sinais claros de que levará um golpe”, disse.
Gleisi também disse que tem sido frequente no Senado e em diversos meios de comunicação a afirmação de que o País não pode mais esperar pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff por conta do número de desempregados, da paralisia da atividade econômica e, usualmente, conclui-se que a sociedade brasileira aguarda ansiosa pelo afastamento da presidenta Dilma como saída para todos os problemas do País, principalmente o da economia.
A crise econômica, esclarece Gleisi, é menor que a crise política. “Não que não exista a crise econômica, porém é menor e ainda está muito mais relacionada com o cenário econômico internacional, principalmente no que diz respeito às commodities, e vítima, principalmente vítima, da crise política”, disse. “As soluções são claras, todavia não conseguiram ser implementadas pela posição política do presidente da Câmara e mais a oposição, PSDB, Democratas, Solidariedade, PPS, que, desde a derrota, em 2014, criam barreiras para o Governo implementar o projeto, principalmente no quesito econômico”, emendou.
A senadora lembrou que as reservas cambiais de R$372 bilhões estão intactas e os investimentos diretos estrangeiros no setor produtivo, continuam vindo ao País, mantendo o seu percentual histórico e demonstrando sinais de confiança internacional em nossa economia, mas que ainda esbarram nesse engodo político arquitetado pela oposição para se reerguer.
Além disso, Gleisi ressaltou que nem a crise econômica, nem a crise política são pautas legais do processo de impeachment. “O mérito é a existência, ou não, de crime de responsabilidade”, enfatizou. Como o Supremo Tribunal Federal julgou a forma e a Câmara julgou de forma política, sem analisar o aspecto do mérito, cabe ao Senado a responsabilidade pela apreciação do processo do mérito da questão, que se restringe a dois pontos. “Esse será o meu mantra aqui em toda a discussão do impeachment que nós teremos no Congresso Nacional”, disse.
O primeiro ponto a ser analisado é o atraso no pagamento ao Banco do Brasil dos subsídios aos juros praticados nos contratos do Plano Safra. “Esse é o único atraso a pagamento de banco público que nós temos em 2015, único atraso”, destacou.
O outro ponto que traz aqui o processo é a edição de seis decretos de créditos suplementares ao orçamento da União também em 2015 por excesso de arrecadação e saldo de exercícios anteriores. “Aí muitos dizem: ‘Como excesso de arrecadação, se a arrecadação baixou em 2015? ’ É que é excesso de arrecadação de rubrica específica. Esse é um recurso do MEC, não é um recurso do caixa da União. Portanto, esse recurso é recolhido numa conta específica. Como foi recolhido a mais, ou seja, o MEC tinha previsto um determinado valor e recolheu-se a mais, tem que haver a suplementação, para que esse dinheiro possa entrar no orçamento, e o MEC possa, inclusive, gastar esse dinheiro para ampliar os concursos, visto que o número de inscrições foi maior”, detalhou.
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