Caso Marielle

Há outros suspeitos do assassinato de Marielle, aponta Flávio Dino

Após Polícia Federal prender, nesta segunda-feira, ex-bombeiro acusado de monitorar os passos da vereadora executada a tiros em março de 2018, senadores aguardam avanço nas investigações para que mandante do assassinato seja revelado

Divulgação

Há outros suspeitos do assassinato de Marielle, aponta Flávio Dino

Investigações do caso Marielle prosseguirão nas próximas semanas, com novas operações da PF, garantiu o ministro da Justiça

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou, nesta segunda-feira (24/7), que há outros envolvidos nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, além dos policiais militares Élcio Queiroz e Ronnie Lessa, que já se encontram presos pelo crime. Dino afirmou, em coletiva de imprensa, que um desses personagens é o ex-bombeiro Maxwell Corrêa, conhecido como Suel, preso pela Polícia Federal, horas antes, no Rio de Janeiro.

Marielle e Anderson foram assassinados na noite de 14 de março de 2018, quando ela voltava para casa após participar de um evento no bairro carioca da Lapa. Naquele ano, a vereadora seria anunciada candidata a vice-governadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Segundo as investigações, o ex-bombeiro atuou na vigilância e no acompanhamento dos passos de Marielle. Até o momento, no entanto, ainda não foram identificados o mandante e as motivações do crime.

“Não tem para onde correr. É questão de tempo para desvendarmos o mandante do assassinato”, disse o senador Beto Faro (PT-PA) em suas redes sociais.

Delação ajudou no avanço das investigações

De acordo com Flávio Dino, todo o papel de Maxwell no crime chegou ao conhecimento da PF a partir de delação premiada de Élcio Queiroz, homologada pela Justiça. Queiroz também confirmou ter participado do crime juntamente com Ronnie Lessa, que morava a poucos metros de Jair Bolsonaro no Condomínio Vivendas da Barra, na capital fluminense.

Segundo Dino, Queiroz indicou a “atuação decisiva” do ex-bombeiro nos assassinatos. “Com isso, nós temos, sob a ótica da Polícia Federal e dos demais participantes da investigação a conclusão, o fechamento de uma fase da investigação, com a confirmação de tudo o que aconteceu na execução do crime”, afirmou.

“Então, certos aspectos, certos detalhes da investigação, sobre os quais pairavam dúvidas, a partir da delação do senhor Élcio, essas dúvidas se acham removidas, porque há convergência entre a narrativa do Élcio em relação a outros aspectos que já se encontravam de posse da polícia. Então, o senhor Élcio narra a dinâmica do crime, ele narra a participação dele próprio e do Ronnie Lessa e aponta o Maxwell e outras pessoas como copartícipes desse evento criminoso no Rio de Janeiro”, pontuou o ministro.

Ele acrescentou que “as provas colhidas e reanalisadas pela Polícia Federal de fevereiro pra cá confirmaram, de modo inequívoco, a participação do senhor Élcio e do senhor Ronnie, e isso conduziu à delação do Élcio”.

Dino informou ainda que as investigações do caso prosseguirão, adiantando que, nas próximas semanas, a PF executará novas operações.

“As instituições envolvidas terão os elementos necessários ao prosseguimento da investigação. Não há, de forma alguma, a afirmação de que a investigação se acha concluída, pelo contrário. O que acontece é uma mudança de patamar da investigação”, disse.

“Há aspectos que ainda estão sob investigação, em segredo de Justiça. O certo é que nas próximas semanas provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhidas no dia de hoje”, afirmou o ministro, com a observação de que, apesar da delação premiada, Élcio Queiroz seguirá preso.

“Posso afirmar que o senhor Élcio continuará preso em regime fechado, onde se encontra. Há cláusulas de segurança desse acordo, que é muito sensível e envolve outras pessoas, com notória periculosidade”, ressaltou.

Segundo as investigações, Élcio dirigia o carro que perseguiu Marielle Franco. Já Ronnie Lessa estava dentro do veículo e foi quem disparou contra as vítimas.

“Caso Marielle tem novo patamar de investigação. Finalmente vamos ter resposta à pergunta que está sendo feita há quase dois mil dias? Quem mandou matar Marielle e Anderson?”, afirmou a senadora Teresa Leitão (PT-PE), vice-líder do PT no Senado.

Em 2023, o crime completou cinco anos. Desde fevereiro, o caso é investigado pela PF, por determinação de Flávio Dino. Apenas a primeira fase do inquérito foi concluída pela Polícia Civil e o MP do Rio de Janeiro: a que prendeu Élcio Queiroz e Ronnie Lessa. Ambos estão presos em penitenciárias federais de segurança máxima e serão julgados pelo Tribunal do Júri, em data ainda a ser marcada. Lessa já foi condenado por outros crimes: comércio e tráfico internacional de armas, obstrução das investigações do caso Marielle e destruição de provas.

“A prisão de Maxwell Simões Corrêa revela a trama obscura por trás do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. E é assustador ver como corrupção e violência podem estar interligadas em nosso país. Continuamos na luta por justiça!”, destacou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

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Com informações da Agência PT de Notícias

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