Humberto: articulação entre público e privado pode ser a saída para a saúde

Para o relator da comissão que procura saídas para o financiamento do SUS, essa é a melhor forma de resolver o problema.

“O SUS é capaz de garantir vários serviços que os
planos de saúde não oferecem”

“É uma ilusão imaginar que o ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) de serviços e procedimentos que são prestados a clientes de planos de saúde privados vai resolver os problemas financeiros da saúde pública”. Assim o relator da comissão temporária destinada a propor soluções para o financiamento do sistema de saúde, Humberto Costa (PT-PE), definiu a saída que tem sido apontada como a mais fácil. Para Humberto, que já foi ministro da Saúde, a melhor solução é fazer uma espécie de mix entre os serviços públicos e privados.

“A realidade é que esses dois sistemas – o público e o privado – se complementam, uma vez que serviços como vacinas, transplantes, fornecimento de medicação para doenças crônicas e raras, tratamento de câncer e para portadores do vírus HIV e boa parte dos atendimentos para politraumatizados são feitos pelo SUS”, recordou. Em contrapartida, lembrou o senador, as deficiências do sistema público são leitos de internação, especialmente em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), especialidades médicas de ponta e atendimento ambulatorial. “Se houver uma interseção entre os dois sistemas, a administração é mais simples e racional”, insistiu.

Humberto destacou ainda que é preciso encontrar uma forma de mostrar à sociedade a importância do SUS – “um sistema que é capaz de garantir vários serviços que os planos de saúde não oferecem”, definiu,

Na manhã desta quinta-feira (09), a Comissão Temporária se reuniu para ouvir representantes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A coordenadora Luciana Mendes Santos Servo criticou duramente as renúncias fiscais concedidas a planos de saúde e contribuintes de alta renda. “Quem tem ressarcimento é uma parcela pequena da população que recebe salários mais altos. Isso é muito injusto. O outro representante do Ipea, Edvaldo Batista de Sá, foi ainda mais duro: “A renúncia é destinada para os ricos e tem algo de muito errado nisso”.

Giselle Chassot

 Ouça a entrevista de Humberto Costa

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