Humberto defende punição para assassinos do regime militar

Humberto lamentou que, ainda hoje, exista quem
acredite que, disseminando inverdades e alardeando
calúnias, seja possível recriar o clima existente em 64

“Hoje, se completa meio século de um período que não queremos que se repita: o momento em que setores significativos da nossa sociedade deixaram de acreditar na democracia como meio de resolução dos conflitos para respaldar uma ditadura”. Assim o líder do PT, Humberto Costa (PE), definiu o golpe de 1964  em pronunciamento ao plenário e pediu  que todos os brasileiros fiquem alertas para que esse momento jamais se repita. “É necessário reafirmar nosso compromisso com a democracia, a liberdade e o diálogo”, disse.

Humberto lamentou que, ainda hoje, exista quem acredite que, disseminando inverdades e alardeando calúnias, seja possível recriar o clima existente em 64. “A disseminação de mentiras e a prática de terrorismo psicológico só prejudicam o esclarecimento da população e prestam um desserviço ao Estado democrático de Direito”, disse, num recado direto a quem não aprendeu a conviver com a democracia e não sabe fazer oposição.

Ele lembrou que os golpistas, sob o pretexto de não viver em uma imaginária “ditadura do proletariado” que supostamente iria  fechar o Congresso, extinguir os partidos, censurar a imprensa e praticar terrorismo de Estado, optaram pela intervenção militar que fechou o Congresso, extinguiu os partidos, censurou a imprensa e praticou terrorismo de Estado. “Foi uma desgraçada escolha, uma opção que tomou grande parte da nossa sociedade civil e de cuja responsabilidade não pode jamais se eximir: a de que fez escada para a ascensão de um regime militar”, disse.

Terrorismo de Estado
Humberto recordou que os ares de legalidade e a promessa de breve retorno à democracia dos generais duraram muito pouco. Logo, o regime recrudesceu e enveredou “pelo caminho do arbítrio e do autoritarismo que nos custou 21 anos”, disse, lembrando que a ditadura tomou da sociedade a liberdade de expressão e cerceou as demais liberdades civis e direitos individuais. “Nos custou a humilhação, o exílio, a tortura, a morte e o desaparecimento de milhares de nossos compatriotas”, acrescentou. E afirmou que nada,  “nenhum cenário de tensão vivido, nenhum momento de conflito que atravessemos, nada justifica o sufocamento do regime democrático”.

Para o líder, as lições de 1964 devem estar bem vivas nas nossas memórias para que aprendamos com elas e jamais voltemos a repetir tamanho erro. Como os senadores que participaram nesta segunda-feira (31) da sessão do Senado que recordou o Golpe, Humberto defende uma revisão na Lei da Anistia, para que seja possível processar e punir algozes confessos, como o coronel reformado Paulo Malhães que, em depoimento à Comissão da Verdade, relatou assassinatos e mutilações de cadáveres de presos políticos que jamais foram localizados.  

“A índole dócil do povo brasileiro não pode se confundir com cumplicidade criminosa em relação ao chamado terrorismo de Estado praticado pelo regime de 1964”, disse, reafirmando sua determinação de revisar uma lei que  permite que um assassino como Magalhães possa contar o que fez e “voltar para casa, para junto dos seus familiares, como não puderam fazer mais de 350 mortos e desaparecidos políticos do nosso país, dos quais a ditadura se encarregou de dar fim”.

“Se não quebrarmos os grilhões da omissão e da cumplicidade, estaremos condenados a carregar esses cadáveres insepultos por todo o resto da nossa História. E jamais haverá descanso para o nosso passado”, concluiu.

Giselle Chassot
 

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