Humberto diz que ajuste deve ser cirúrgico e não pode prejudicar os pobres

“Num momento de aperto de contas, é importante a ponderação para que não estrangulemos setores essenciais da economia, nos quais prejuízos podem redundar em sérias consequências sociais”, disse HumbertoO líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), em discurso feito na tarde desta terça-feira (24), pediu responsabilidade aos parlamentares de todos os partidos na análise e discussão das medidas do ajuste fiscal encaminhadas ao Congresso pelo governo federal – as medidas provisórias 664 e 665. De acordo com o líder, diversos ministros – como Joaquim Levy, da Fazenda; Nelson Barbosa, do Planejamento; Carlos Gabas, da Previdência; Manoel Dias, do Trabalho e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central -, têm comparecido no Congresso para dirimir as dúvidas sobre as mudanças propostas.

Para Humberto, em toda negociação deve haver flexibilização dos dois lados para que, sem descaracterizar o ajuste proposto, as matérias possam ser aperfeiçoadas. “Essa é a função que devemos assumir aqui no Parlamento, independentemente de posições políticas, tendo em conta a responsabilidade que nos cabe sobre os destinos do Brasil”, disse ele. “Vamos mudar aquilo que for possível para que as medidas saiam do tamanho de que o Brasil precisa e do que os brasileiros, cada um a seu nível, podem arcar”, acrescentou.

Humberto disse que os parlamentares discutirão cuidadosamente alguns pontos propostos como as mudanças da pensão por morte, por auxílio-doença, as regras para concessão de seguro-desemprego, de abono salarial e de seguro-defeso. Para ele, esses cortes devem ter uma precisão cirúrgica para que não prejudiquem parcelas mais sensíveis da população.

Além disso, outro ponto que será analisado com cuidado será o rigor nas desonerações das folhas de pagamento e subsídios a determinados setores da indústria. Nesse caso, o senador mencionou a situação em que vive o setor sucroalcooleiro do País.

“Todos somos conhecedores de que enfrentamos a maior seca dos últimos cem anos e, por razões óbvias, a agricultura tem sido terrivelmente afetada. A lavoura de cana-de-açúcar está entre aquelas que mais sofrem os efeitos adversos do clima e, consequentemente, da crise econômica”, disse ele, observando que o setor acumula quase R$ 70 bilhões em perdas.

“Mesmo num momento de aperto de contas, é importante a ponderação para que não estrangulemos setores essenciais da economia, nos quais eventuais prejuízos podem redundar em sérias consequências sociais. Estamos negociando com o governo e estou certo de que, assim como em outros pontos do ajuste, há uma administração que enxerga gente por trás de números e estatísticas e está absolutamente disposta a fazer todos os esforços necessários para que o Brasil siga o caminho de desenvolvimento inclusivo que vem trilhando, com tanto êxito, ao longo da última década”, finalizou.

Rafael Noronha

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