O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), acionou o Ministério Público Federal no Distrito Federal e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) para que seja investigado o desvio de dois milhões de comprimidos de cloroquina fabricados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As informações foram divulgadas pela Folha de S. Paulo.
A quantidade representa dois terços do total de comprimidos produzidos inicialmente para o combate à malária, doença tratada com cloroquina. O desvio de função do medicamento desfalcou o programa nacional de controle da malária, com risco de desabastecimento para os pacientes.
A cloroquina é amplamente divulgada por Jair Bolsonaro como parte do “kit covid” para o tratamento precoce da Covid-19.
“Mesmo sem a eficácia comprovada, a cloroquina vem sendo alardeada pelo governo Bolsonaro como um medicamento capaz de prevenir a Covid-19. Falta remédio para quem precisa, mas sobra para o que ele não deveria ser usado”, criticou Humberto Costa.
Em janeiro, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o uso de dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS) na distribuição de cloroquina a pacientes com Covid-19 é ilegal. Segundo o tribunal, o fornecimento pelo SUS de medicamentos para uso “off label”, fora do previsto na bula, só pode ocorrer com aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).