Humberto Costa: “Esse golpe é um convescote que vem sendo armado apenas para a confraternização do andar de cima”O líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE) endureceu o discurso conta os articuladores do golpe que pretende usurpar a presidência de Dilma Rousseff .Nesta terça-feira (29), em pronunciamento ao plenário, Humberto bateu ainda mais forte que ontem e disse com todas as letras: “quando se violenta o texto constitucional para fazer caber nele o que lá não está previsto, não há outro nome a se dar a essa violência legal que não o de uma quartelada civil, o de um vergonhoso e despudorado golpe”.
Golpe este que teve início de uma forma que passa longe do interesse popular. Segundo Humberto Costa, tudo começou com uma vingança do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contra a presidenta que não cedeu a chantagens e achaques. A partir daí, começou uma articulação que reuniu o PSDB, o DEM, o Solidariedade e outros reacionários como o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Reunido e amparado pelo vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), esse espectro político se organizou e agora pretende derrubar o governo democraticamente eleito e implementar um programa neoliberal que coloca em risco conquistas sociais alcançadas ao longo dos últimos treze anos, destrinchou o líder.
Para Humberto, Cunha é operador direto do processo, mas o vice, Michel Temer, é o potencial beneficiário direto. “Tem as bênçãos de uma oposição que, derrotada em quatro eleições presidenciais consecutivas, quer chegar ao Palácio do Planalto pela sarjeta”, disse.
Indignado e pelo menos um tom acima de seu normal, o senador foi direto: trata-se de uma trama feita pelas costas dos brasileiros e que subverte a ordem democrática. O senador não se furtou a atacar a tentativa, usando adjetivos pesados para designar o que viria daí: “um governo ilegítimo, ilegal e imoral, com um presidente fraco, impopular e prisioneiro de um grupo que o sustenta até que ele, títere nas mãos desses usurpadores, passe a faixa presidencial nas próximas eleições para o PSDB sem qualquer resistência e sem a oposição do PT”.
Na avaliação do líder, a ideia é implementar o programa neoliberal detalhado no documento “Uma Ponte para o Futuro”, do PMDB. Ele detalhou que o plano, urdido pelo PMDB, acaba com os pilares da atual política industrial, o que levaria ao fechamento em massa de indústrias no País; destrói o financiamento habitacional de programas como o Minha Casa, Minha Vida, que deu a milhões de brasileiros o direito de ter um imóvel próprio e reduziu o déficit habitacional do Brasil em mais de 10%; produz um desemprego devastador na indústria da construção civil; privatiza o ensino médio, esvaziando as escolas públicas em favor das instituições privadas; desmantela o Pronatec, que já profissionalizou mais de 9 milhões de jovens em todo o país; limita as concessões de empréstimos estudantis pelo FIES, deixando milhões de jovens sem acesso às universidades; propõe que o Sistema Único de Saúde passe a ser pago pelos brasileiros; quer ainda reduzir o número de pessoas inscritas em programas sociais fundamentais, como o Bolsa Família, cortando os benefícios hoje destinados a garantir o sustento de milhões de brasileiros.
Ou seja, trata-se de um projeto que coloca em risco todas as conquistas alcançadas em treze anos de governos populares e democráticos. ”É uma obra terror para que o Brasil seja devolvido à década de 90”, sintetizou Humberto.
“É importante que os brasileiros atentem para o fato de que é esse o roteiro da novela do golpe: um facínora, que quer livrar a própria cara, inicia um processo ilegal contra uma presidenta honesta – que será julgada sem ter cometido crime por implicados na justiça – com a finalidade de caçá-la e abrir caminho para que uma turma que quer tomar o país sem vencer eleições possa chegar ao poder e implantar políticas que prejudiquem os pobres e façam a alegria dos ricos, como ocorria mais de uma década atrás. É um negócio muito mais ardiloso do que qualquer trama da teledramaturgia brasileira”, concluiu Humberto, assegurando que os movimentos sociais, os parlamentares e os brasileiros que acreditam na democracia resistirão.
O líder explicou que o problema não é o instrumento impeachment, já que ele está previsto na Constituição Brasileira. A questão é que não existe previsão legal para a abertura de um processo como esse sem que o presidente da República tenha cometido um crime de responsabilidade . “E a presidenta Dilma não o cometeu”, assegurou.
Ele acredita que a Câmara dos Deputados vai barrar a tentativa de golpe. “Eu tenho certeza que (a Câmara), não se curvará a acordos menores, que rifem a democracia em favor de interesses pessoais”, disse.
E finalizou: “O Palácio do Planalto deve ser ocupado por quem tem voto e entrou lá pela porta da frente. É o caso de Dilma. A faixa presidencial é algo sério demais para servir de adorno ao peito de quem se coloca como golpista”.
Giselle Chassot
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