Organizada por entidades, partidos e movimentos sociais da Paraíba, a inauguração popular da Transposição do Rio São Francisco, marcada para a tarde deste domingo (19), já movimenta a região de Monteiro (PB). A cidade, com 33 mil habitantes, poderá receber até 50 mil pessoas, segundo estimativas citadas pelos jornais de João Pessoa, capital do estado.
A expectativa de celebrar a conclusão da Transposição com os governantes que tornaram o projeto uma realidade esgotou a lotação de todos os hotéis e pousadas de Monteiro e das cidades próxima, assim como as vagas nas vans e ônibus que fazem o transporte na região. Monteiro fica a 172 km de Campina Grande e a 310 km de João Pessoa.
A inauguração popular da Transposição do Rio São Francisco é uma resposta da população beneficiada à tentativa do governo Temer e seus aliados de se apropriarem eleitoralmente da obra. O projeto, idealizado em 1847, ainda no Império, “precisou esperar que um trabalhador, um retirante do Nordeste, chegasse à Presidência da República, para sair do papel”, lembra o senador José Pimentel (PT-CE), que em discurso ao plenário, no início desta semana, homenageou o esforço dos governos petistas para levar água ao Semiárido.
[blockquote align=”none” author=”Senador José Pimentel”]Foi preciso um trabalhador, um retirante do Nordeste, chegar à Presidência da República, para a Transposição sair do papel[/blockquote]
“Hoje, quando esse projeto se torna realidade, todos disputam sua paternidade. Mas aqueles que atualmente se dizem favoráveis à interligação das águas do São Francisco são exatamente os que na campanha eleitoral de 2014 faziam imagens dizendo que esse projeto era inexistente, um verdadeiro engodo para com o povo do Nordeste setentrional”, lembrou Pimentel.
Temer vaiado
Na semana passada, Temer e uma comitiva de aliados fizeram uma inauguração formal da Transposição em Monteiro, último trecho do Eixo Leste da obra, onde uma estação de bombeamento transfere água trazida do Rio São Francisco no leito do Rio Paraíba. Foram recebidos com vaias pela população, que cantava para Lula.
“É muita mesquinhez do atual governo querer apagar o papel histórico do Partido dos Trabalhadores na execução das obras da Transposição do rio São Francisco”, protesta a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que também tratou da questão em pronunciamento ao plenário. “É preciso deixar muito claro que se não fosse a ousadia e a determinação dos governos do PT, por meio do presidente Lula e da presidenta Dilma, esse sonho, até hoje, estaria adormecido. Esse projeto até hoje estaria perdido nas gavetas da burocracia e da insensibilidade da maioria dos políticos, inclusive daqueles que governaram este País por séculos”, enfatizou.
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Ironia histórica
Quando Lula assumiu a presidência da República, em 2003, a Transposição do São Francisco sequer tinha um projeto executivo—muito embora a proposta tenha servido de plataforma de campanha para muitos candidatos. Foi em sua gestão que o sonho da gaveta. Nos governos Lula e Dilma foram empenhados 92,40% dos recursos para a obra e pagos 87,50% da execução do projeto de integração do São Francisco, antes do Golpe de 2016.
[blockquote align=”none” author=”Senadora Fátima Bezerra”]É uma ironia histórica que as oligarquias que sempre lucraram com a seca queiram agora se apropriar da obra garantida pelo PT[/blockquote]
Fátima destacou a ironia histórica contida na tentativa dos grupos políticos que sempre se beneficiaram da perpetuação da seca de agora se apropriarem da Trasnposição. “São os filhos das oligarquias ou os representantes diretos das oligarquias que, tradicionalmente, reproduziam sua dominação política no Nordeste através da indústria da seca, das frentes de trabalho, das frentes de emergência, e trabalhavam sempre com a ideia de combater a seca e não de resolvê-la, os que agora querem se apropriar da paternidade do projeto, efetivamente colocado em prática justamente por um sobrevivente da seca”.
Programação
Lula e Dilma têm chegada a Monteiro prevista para as 13 horas do domingo (19). Eles visitarão o canal da Transposição e plantarão uma árvore no local. Depois disso, seguem em carreata até o Centro da cidade, onde participam de um ato público, previsto para as 16 horas.
Além dos dois ex-presidentes, estão confirmadas as presenças dos governadores Ricardo Coutinho (Paraíba), Wellington Dias (Piauí) e Rui Costa (Bahia), do ex-ministro Ciro Gomes e dos ex-prefeitos de São Paulo Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (PSOL), que é paraibana de Uiraúna.
A Bancada do PT no Senado também marcará presença na festa das águas. Estão confirmados Fátima Bezerra (RN), Humberto Costa (PE), José Pimentel (CE) e Regina Sousa (PI) e também a líder Gleisi Hoffmann (PR), Lindbergh Farias (RJ) e Paulo Rocha (PA). A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também estará presente.
A festa da água que vai ser realizada em Monteiro na tarde deste domingo está sendo organizada por um comitê integrado pela Frente Brasil Popular, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Pólo da Borborema, Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Articulação do Semiárido Paraibano (Asa-PB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Pastorais Sociais da Paraíba, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil na Paraíba (CTB-PB), União da Juventude Socialista (UJS), Levante Popular da Juventude, Movimentos de Moradias e a Marcha Mundial das Mulheres.
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Cordel da luta contra a reforma da Previdência
No evento, a luta em defesa da aposentadoria dos brasileiros estará presente na forma da expressão cultural da região. Na segunda-feira, o cordel estará disponível para download em nossa página.
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