O incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, ocorrido neste domingo, “é um símbolo do descaso do governo atual com a nossa cultura, ciência e patrimônio”, denunciou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC-RJ) em nota pública. Mais do que isso, simboliza o estado de guerra vigente contra o Estado e a identidade nacional, a exemplo do que ocorre em outras áreas de pesquisa, tecnologia estratégica e desenvolvimento industrial.
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ) utilizou as redes sociais para lamentar a tragédia justamente no ano em que o Museu completa seu segundo centenário. Na avaliação do líder, a emenda constitucional do teto de gastos – que congelou investimentos públicos por 20 anos – e a “redução grotesca do orçamento público na educação e ciência e tecnologia” fizeram o Museu agonizar com “graves problemas de manutenção”.
[blockquote align=”none” author=”Lindbergh Farias (RJ), líder da bancada do PT no Senado Federal”]O que acontece no Brasil hoje é criminoso! O orçamento do Museu foi drasticamente reduzido por Temer. É simplesmente criminoso o descaso[/blockquote]
“Num contexto como esse, todas as unidades da universidade são afetadas. Para o País, é uma perda imensa. Aqui temos a nossa memória. Grande parte do processo de constituição da história moderna do Brasil passa pelo Museu Nacional. Este incêndio sangra o coração do País”, lamenta o reitor da UFRJ, Roberto Leher. Para ele, o contexto de restrição orçamentária colaborou para a ocorrência da tragédia ocorrida no último domingo (2). O museu é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“A destruição do Museu Nacional é mais uma obra criminosa do governo Temer. Ele vivia de repasses da UFRJ, que foi asfixiada pelo corte de verbas do MEC. Em 2013, o Museu Nacional tinha orçamento de meio milhão de reais. Em 2018, o valor destinado foi de R$ 54 mil. É o resultado do asfixiamento da educação no país, que tem na figura do ex-ministro Mendonça Filho, seu maior responsável, bem como o seu chefe Temer”, aponta o senador Humberto Costa (PT-PE).
Para a ex-secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura Ivana Bentes, não é possível atribuir à tragédia a um suposto “descaso” da UFRJ. “Não existe política pública para manter e conservar nosso patrimônio. É o mesmo descaso com o patrimônio, a pesquisa, a ciência e tudo que é público. O Museu sobrevive com o mínimo de recursos do Estado”, apontou.
Com PT, museus valorizados
O atual momento de precarização e descaso com a área da Cultura destoa das gestões do PT. O senador Lindbergh lembrou diversas ações realizadas durante os governos Lula e Dilma. Em 2003, logo no início do primeiro mandato do ex-presidente Lula, foi criada a Política Nacional de Museus, com o objetivo de integrar museus, universidades e outras instituições, além de unificar a política para os museus brasileiros.
Já no sétimo ano de governo Lula, foi criado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas onde foram investidos R$ 133,1 milhões em ações de preservação e restauro do patrimônio histórico nacional. Em 2009, foi criado o Instituto Brasileiro de Museus para fomentar as políticas públicas e monitorar a preservação dos museus no Brasil.
“Criação de políticas públicas, órgãos de controle, investimentos em cultura, educação e preservação do patrimônio histórico são coisas de Lula. Cortes, como na PEC do Teto, o menor orçamento da história ao Museu Nacional, e até a defesa do fim do Ministério da Cultura são coisas da direita”, enfatizou o senador Lindbergh.
O orçamento do Museu foi drasticamente reduzido por Temer. Com a PEC do teto de gastos, a verba muito, agravando os problemas. É simplesmente criminoso o descaso. pic.twitter.com/vRsHoCyi4U
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) 3 de setembro de 2018
O museu é mais uma vítima do golpe, da turma do austericidio: PSDB, Bolsonaro e et caterva! É uma tristeza ver isso pic.twitter.com/bTsxAioekY
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 3 de setembro de 2018