Alessandro Dantas

Parlamentares do PT durante a sessão da CPMI desta terça-feira (26/8)
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada para apurar os descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) teve a primeira sessão nesta terça-feira (26/8). Deputados e senadores aprovaram o plano de trabalho da CPMI com o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT), o que reforça o interesse da legenda nas investigações da fraude bilionária.
Em discurso, parlamentares do PT fizeram defesa contundente do governo Lula, que desbaratou o esquema montado na administração anterior e agora está devolvendo o dinheiro às vítimas em tempo recorde.
O senador Rogério Carvalho (SE) pediu que à CPMI que não se restrinja à atuação de associações que operaram descontos fraudulentos, mas que investigue também eventuais irregularidades em operações de crédito consignado. “Esse trabalho está sendo feito e deve chegar à totalidade”, definiu o líder do governo no Senado.
Justiça bloqueia R$ 119 milhões de fraudadores do INSS
Já o senador Fabiano Contarato (ES) elogiou o ressarcimento a aposentados e pensionistas do INSS. “Eu duvido se outro governo faria imediatamente”, comparou. “Nós temos que ter a responsabilidade de entender que o governo tem tido e vem agindo de forma extremamente contundente.”
O deputado federal Paulo Pimenta (RS), por sua vez, afirmou que os setores progressistas são os mais interessados na investigação e na punição dos culpados. “É muito importante que a verdade apareça e que a sociedade brasileira possa compreender esse esquema que fraudou, que roubou, bilhões de reais dos aposentados e aposentadas do nosso país”, defendeu o parlamentar, antes de questionar o afrouxamento da capacidade de fiscalização do INSS.
CPMI do INSS vai comprovar compromisso do governo Lula com apuração e devolução do dinheiro
“Foi feito no governo do presidente Lula? Não foi. Foi feito no governo da presidenta Dilma? Não foi. Então, esse esquema criminoso, ele só aconteceu porque ele foi arquitetado, engendrado, de forma profissional, por criminosos que tomaram de assalto a estrutura do poder. Mas foram colocados lá por quem? Pelo espírito santo? Não foram. Quem eram os políticos da época que tinham influência para colocar os bandidos para comandar o INSS?”, apontou o petista.
Em seguida, Pimenta disse categoricamente que a população brasileira compreenderá, concluídas as apurações, “que o esquema criminoso foi gestado no governo Bolsonaro e acabou no governo do Lula”. “Quem acabou com a corrupção, quem acabou com o roubo, fomos nós”, emendou.
A negligência de Bolsonaro
O deputado federal Rogério Carvalho (MG) defendeu a convocação de Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar à espera do julgamento sobre a trama golpista, para depor nas próximas sessões da CPMI do INSS.
“Durante o governo Bolsonaro, vocês vão ver que várias entidades foram cadastradas, entidades que deram o cano nesses servidores e mais e mais e mais. Então, realmente demorou a apuração. A apuração veio a começar no governo do presidente Lula, através da Controladoria-Geral da União (CGU), que é órgão que é independente, mas que é ligado ao governo”, ponderou Correia.
Pouco depois, o deputado federal Alencar Santana (SP) interpelou o senador Izalci Lucas, do Partido Liberal (PL), que se jactou, em algumas entrevistas, de ter identificado as fraudes no INSS e as reportado a Bolsonaro, que nada fez.
“Eu o indaguei, senador, ao vivo, se vossa excelência e se o ex-presidente levaram ao conhecimento da Polícia Federal, se levaram ao conhecimento do Ministério Público, se tomaram alguma medida de suspensão dos descontos, se tomaram alguma medida de investigação, e vossa excelência ficou silente, calado”, expôs Alencar.
“E, depois, teve uma outra entrevista, há 10 dias atrás. Vossa excelência repetiu isso com orgulho: ‘tomei conhecimento e levei ao presidente Bolsonaro’”, acrescentou o petista.