Integração regional da América do Sul é saída para vencer a crise econômica, afirmam empresários
Economistas e representantes do setor empresarial defenderam a integração entre os países sul-americanos para a superação da crise econômica.O assunto foi tratado, nesta terça-feira (27/09), em audiência pública da Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social, que é vinculada à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado.
Para o economista José Carlos de Assis, professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a perspectiva da crise é longa e “potencialmente amarga”, por isso uma das saídas está na integração, que não pode ser apenas comercial, mas de investimentos:
“A integração é uma espécie de linha de defesa do mercado interno. É estratégica, e o governo brasileiro está começando a entender isso, assim como alguns governos sul-americanos”, opinou José Carlos, que defendeu ainda o fortalecimento dos blocos econômicos, os quais, segundo ele, são capazes de proteger a indústria interna dos países sem os riscos de sanções econômicas por parte da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O senador Paulo Paim (PT-RS), que presidiu a audiência, chamou atenção para o PL 232/11, de sua autoria, que pretende incentivar a promoção à integração econômica do Mercosul. A proposição está na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa e deve ir para a Comissão do Mercosul, na qual o senador Pedro Simon (PMDB-RS) será o relator. “As contribuições dos convidados serão levadas em consideração na elaboração dos pareceres”, lembrou.
A audiência desta terça-feira fez parte do Ciclo de Debates sobre a integração da América do Sul, que está sendo promovido pela Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social.
Exportações
Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Klaus Curt Müller, a participação dos negócios regionais no volume de comércio internacional brasileiro é pequeno: representa apenas 14% do total. Nos países vizinhos, o volume de comércio com outros países da América do Sul é maior: 36% na Argentina, 26% no Peru e 44% no Paraguai, por exemplo. “Ainda há muito a ser feito para aumentar essa troca de comércio regional, e a importância estratégica de nossos vizinhos é indiscutível. O Brasil ainda não assumiu o papel de grande investidor da região”, constatou.
Ao apresentar um panorama dos investimentos da construtora Norberto Odebrecht no Brasil e no mundo, o diretor de negócios da empresa, João Carlos Nogueira, lembrou que, historicamente, os países latino-americanos se desenvolveram “de costas uns para os outros”, e o resultado pode ser visto nos problemas atuais de infraestrutura, como a falta de integração entre rodovias, ferrovias e hidrovias. “A maior parte das nossas exportações para Europa e Estados Unidos é de commodities. Para a América Latina, é o inverso, vendemos mais bens industrializados, portanto nossa situação regional é favorável. Estamos avançando, mas a ameaça chinesa existe”, opinou.
O representante da Odebrecht sugeriu ainda o fortalecimento do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do governo federal; do Fundo Latinoamericano de Reserva (Flar) e das exportações brasileiras de bens com maior valor agregado.
Bens de capital
A indústria de bens de capital também foi destacada pelos convidados. O professor da UEPB, José Carlos de Assis, alertou para a importância de se impedir que as empresas deixem de produzir para importar.
“Isso gera desemprego, e o mercado de trabalho industrial é de melhor qualidade. Se este mercado não for protegido, vamos pôr o destino de nossos jovens em risco. Temos que fazer como a Alemanha, que se tornou um pólo supridor de bens de capital”, acrescentou.
Agência Senado