Quadrilha extremista

Integrantes da base bolsonarista entram na mira do STF e da PF

Polícia Federal cumpriu 26 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no DF. Os alvos foram influenciadores digitais, o deputado Daniel Silveira e fundadores do partido Aliança, que Bolsonaro quer criar. Ministro Alexandre de Moraes também determinou a quebra do sigilo bancário de parlamentares bolsonaristas
Integrantes da base bolsonarista entram na mira do STF e da PF

Arte: Agência PT

Após a prisão nessa segunda (15) da extremista Sara Giromini, vulgo Sara Winter, e mais cinco liderados da facção 300 pelo Brasil, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça (16) uma ação com 26 mandados de busca e apreensão contra 21 militantes bolsonaristas em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e Santa Catarina.

As buscas e apreensões foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro do inquérito que investiga a realização de atos antidemocráticos. Moraes é o relator do caso.

Em conjunto com a autorização de busca e apreensão, o ministro do STF também determinou a quebra do sigilo bancário de pelo menos dez deputados federais bolsonaristas para apurar se eles atuaram no financiamento dos atos: Daniel Silveira (PSL-RJ), Junior do Amaral (PSL-MG), Otoni de Paula (PSC-RJ), Caroline de Toni (PSL-SC), Carla Zambelli (PSL-SP), Alessandra da Silva Ribeiro (PSL-MG), Beatriz Kicis (PSL-DF), Coronel Girão (PSL-RN), José Guilherme Negrão Peixoto (PSL-SP) e Aline Sleutjes (PSL-PR), além do senador Aroude de Oliveira (PSC-RJ).

A medida foi determinada após a constatação de indícios de que esses deputados manifestaram apoio aos atos antidemocráticos e pela necessidade de aprofundar as investigações em relação a eles. Com as quebras de sigilo bancário, a investigação busca mais pessoas que estejam apoiando financeiramente as manifestações.

Quadrilha extremista
Em nota, a Procuradoria-Geral da República afirmou que “a linha de apuração é que os investigados teriam agido articuladamente com agentes públicos que detêm prerrogativa de foro no STF para financiar e promover atos que se enquadram em práticas tipificadas como crime pela Lei de Segurança Nacional”.

Entre os investigados estão o publicitário Sérgio Lima e o empresário Luís Felipe Belmonte, ambos ligados ao Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro pretende criar. O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e Allan Santos, dono do canal da internet “Terça Livre”, também foram alvo das diligências.

O objetivo da ação, batizada pela PF como Operação Lume, é levantar os fatos relacionados à autoria, materialidade e circunstâncias de financiamentos para a organização dos atos antidemocráticos que atacaram e ameaçaram instituições como o Congresso Nacional e o Supremo.

Luís Felipe Belmonte é advogado e um dos principais financiadores e organizadores do Aliança. É o primeiro suplente do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e também dono de um time de futebol em Brasília. Sérgio Lima também atua na construção do partido. Ele foi o responsável pelo logotipo, pelo site e pelo aplicativo de coleta de assinaturas da legenda encabeçada pelo presidente.

Daniel Silveira é conhecido por, juntamente com o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), ter quebrado a placa em homenagem a Marielle Franco em comício de Wilson Witzel, então candidato a governador do Rio de Janeiro, em 2018, em Petrópolis.

Além de Allan Santos, outros integrantes do que Bolsonaro chama de “mídia a favor” foram alvos da operação. Entre eles Alberto Silva, blogueiro que atua no canal ‘Giro de Notícias’, Adilson Dini, youtuber do canal ‘Ravox Brasil’, Camila Abdo, que apresenta o programa online ‘Direto aos Fatos’, Marcelo Frazão, youtuber que posta vídeos a favor de manifestações bolsonaristas, Ernani Fernandes Barbosa Neto e Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves, que mantêm páginas de perfil conservador na internet, e Roberto Boni, que atua no ‘Canal Universo’, na internet.

Também teve que apresentar evidências o investidor do setor imobiliário Otavio Fakhoury, um dos fundadores do partido Aliança e colaborador do site conservador ‘Crítica Nacional’. Ele já havia sido alvo de mandados em outra operação no fim de maio, como parte do inquérito das fake news aberto pelo Supremo em 2019.

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