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Isolamento de Bolsonaro no Brasil deve se repetir no exterior

“Brasil vive tempos de maniqueísmos indesejáveis”, diz Rosa Weber, nova presidente do STF
Isolamento de Bolsonaro no Brasil deve se repetir no exterior

Foto: Divulgação/Agência PT

Bolsonaro é aquele chato insuportável que ninguém convida pra festa. E com sua personalidade “cativante”, arrastou junto o Brasil para a vala dos párias globais. Após posar solitário para fotos no 7 de Setembro, faltar a evento do Congresso no dia seguinte e se tornar, nesta segunda-feira (12), o primeiro chefe do Executivo a não ir à posse de presidente do STF desde 1993, ele está prestes a envergonhar o país mais uma vez. Dessa vez, no exterior, onde já é tratado como um personagem “radioativo”.

Às custas do dinheiro público, como no sequestro do Bicentenário da Independência, o inquilino do Palácio do Planalto embarca no sábado (17) para Londres, onde participará do funeral da rainha Elizabeth II. De lá, segue para Nova York, onde fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça (20).

O discurso do presidente brasileiro tradicionalmente abre a conferência das Nações Unidas, mas no Planalto a preocupação é que o isolamento institucional, já mais do que palpável no Brasil, também se manifeste na Inglaterra e Estados Unidos. Principalmente após o grotesco ataque à democracia diante de embaixadores, em julho. Por isso a viagem é tratada pelos assessores bolsonaristas como uma manobra arriscada.

A primeira dificuldade ocorrerá na Europa, onde Bolsonaro desembarcará dias após a aprovação, no Parlamento Europeu, da primeira resolução a impor sanções comerciais contra o Brasil pelo desmatamento. O projeto deverá ser aprovado nos 27 países membros da União Europeia (EU), onde a catastrófica atuação ambiental do desgoverno Bolsonaro bloqueou a formalização do Acordo Mercosul-UE.

Ainda há a relação tortuosa com o agora Rei Charles 3°. Os dois tiveram um encontro bilateral no Japão, em outubro de 2019, quando Bolsonaro saiu dizendo que o então príncipe era, “como o resto do mundo, equivocado sobre a Amazônia”. Em outubro de 2021, na reunião do G20 que ficou marcada pelo isolamento de Bolsonaro, ele fez desfeita e preferiu vadiar pelas ruas de Roma a ouvir o discurso de Charles.

Nos Estados Unidos, a preocupação maior é com novos discursos obtusos, como em 2019, 2020 e 2021. “Em meio a uma campanha dura e difamatória, Bolsonaro está tentando projetar uma imagem de estadista sério com essas viagens, tanto domesticamente como internacionalmente”, afirmou Christopher Sabatini, do instituto independente de política Chatham House, à BBC News Brasil.

Rosa Weber: discurso em defesa do Estado democrático de direito

Na última quinta-feira (8), Bolsonaro faltou à cerimônia pelos 200 anos da Independência no Congresso Nacional. Na véspera, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o então presidente do STF, Luiz Fux, haviam deixado de ir às comemorações do 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, receosos do uso político que Bolsonaro faria do evento, como de fato fez.

Nesta segunda-feira (12), poucas horas antes de Bolsonaro se tornar o primeiro chefe do Executivo a faltar à posse de dirigente máximo do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos 29 anos, a nova presidenta, Rosa Weber, negou pedidos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou que a Polícia Federal (PF) mantenha as investigações decorrentes da CPI da Covid contra ele. Bolsonaro foi indiciado na CPI por três crimes: charlatanismo, emprego irregular de verbas públicas e prevaricação.

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