O senador Jean Paul Prates (PT-RN) cobrou, nesta quarta-feira, 27, explicações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre os ataques desferidos aos movimentos sociais. Durante a campanha eleitoral, candidato a deputado pelo partido Novo, Salles lançou nas redes sociais um panfleto defendendo “munição de fuzil” contra “esquerda” e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Ministro, o conceito de lidar com os movimentos rurais é esse mesmo: a bala?”, indagou o senador. Ele convidou Salles a conhecer os movimentos da sociedade civil. “É preciso tirar essa visão preconceituosa. Quero testemunhar o dia que Vossa Excelência vai receber lideranças do MST, para conhecer de fato o que é o movimento”, questionou. Salles esteve em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente do Senado para falar dos planos do governo na área ambiental.
Na postagem, o então candidato divulgou seu número de campanha, fazendo alusão a um calibre de bala padrão das forças armadas americanas de 1906. Em resposta a Jean Paul, o ministro do Meio Ambiente desconversou e disse que o clima em disputas eleitorais é mais agressivo. “Campanha é campanha, e executivo é outra coisa”, disse Salles.
Fundo da Amazônia
Jean Paul defendeu ainda o fortalecimento do Fundo da Amazônia. Recentemente, o governo assinou com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) uma declaração de intenção que prevê a criação de um fundo de US$ 100 milhões para desenvolvimento econômico da Amazônia. Para, alguns especialistas, essa medida enfraquecerá o Fundo da Amazônia, que existe há mais de uma década.
“O Fundo da Amazônia já tem recebido R$ 3,5 bilhões. Esse dinheiro é brasileiro e o governo precisa controlar esses recursos”, afirmou Jean Paul. O ministro pediu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) uma devassa em todos os contratos do Fundo da Amazônia.
Criado em 2008 durante o governo Lula, o fundo financia projetos de desenvolvimento sustentável para reduzir o desmatamento. Em dez anos, o fundo aprovou e contratou 103 projetos, a maior parte com organizações não governamentais (ONGs), e recebeu doações de R$ 3,4 bilhões, sendo mais de 90% da Noruega. Desse total, já houve desembolso de mais de R$ 1 bilhão.
O senador cobrou de Salles a edição de medida provisória para aparelhar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e dar agilidades aos projetos socioambientais em curso no órgão.