Jorge Viana alerta: situação de imigrantes haitianos é um problema nacional

Para Jorge Viana, a solução para essa “crise humanitária” vai exigir um esforço conjunto do governo federal e de organizações internacionaisA situação dos haitianos que continuam a entrar no Brasil pelas fronteiras do Acre não é um problema a ser resolvido pelo pequeno estado amazônico, mas uma realidade que precisa ser enfrentada no plano federal, alerta o senador Jorge Viana (PT-AC). Desde o terremoto de 2010, que arrasou o Haiti, mais de 35 mil refugiados ingressaram no País, geralmente trazidos por coiotes que exploram o desespero e a falta de perspectiva de pessoas que chegam a pagar US$ 3 mil para atravessar uma rota que inclui os Andes e a floresta para buscar uma nova vida no Brasil.

Em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (20), Jorge Viana cobrou providências, no plano federal, para resolver uma situação que já ganha contornos de crise humanitária. O senador apoia a decisão do governo brasileiro de dar vistos de entrada aos haitianos que querem deixar seu país, mas lembra que a intenção desses refugiados não é a de ficar no Acre, estado que tem poucas oportunidades de trabalho a oferecer e que é usado apenas como porta de entrada no Brasil, em uma rota que geralmente passa pelo Equador— onde chegam de avião— e pelo Peru.

“Nenhuma autoridade do Acre foi estimular a vinda de haitianos. Mas o que se faz quando os conflitos e a pobreza levam milhares de pessoas a entrar em seu Estado e a pedir comida e ajuda para seguir viagem?”, ressaltou o senador. Viana rechaçou a “desinformação e o preconceito” que levam veículos de imprensa a atacar o governador acriano, Tião Viana (PT), cada vez que um grupo de haitianos consegue exatamente seu intento original, que é deixar o Acre rumo ao Centro-Sul do País, onde estão as perspectivas de trabalho e de construção de uma vida melhor.

Viana lembra ainda que a responsabilidade de cuidar das fronteiras, combater coiotes – traficantes de pessoas—e atender refugiados não é do Acre ou de qualquer outro estado da federação. “Quem cuida das fronteiras não é o governo do Acre nem o cidadão acreano. Quem cuida da fronteira do Brasil no Acre e em qualquer estado é a Polícia Federal, são forças federais”, destacou.

Desde 2010, mais de 35 mil imigrantes sem documentação chegaram ao Acre. Para se ter uma ideia do que significa esse fluxo para o estado, basta dizer que apenas quatro cidades acrianas têm população superior a esse contingente, que equivale a 10% da população urbana de Rio Branco, a capital.  “Gostaria de pedir aos profissionais da imprensa que buscassem essas informações”, disse o senador, numa crítica às matérias que tratam a situação como responsabilidade do Acre. Só com a alimentação dos refugiados, o estado já gastou R$11 milhões nesses cinco anos. Outros R$10 milhões foram repassados pelo Governo Federal para assistência aos haitianos.

Para o senador, a solução para essa crise vai exigir um esforço conjunto dos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, com apoio da Organização das Nações Unidas. Os movimentos migratórios estimulados por desastres naturais, conflitos e a miséria, lembra o senador, são uma realidade mundial, hoje. “O problema é gravíssimo na Europa e na Ásia – vemos, todos os dias, no noticiário –, e agora está nas costas do Acre, um estado pequeno, que tem que tratar de quase 40 mil refugiados, sem nenhum pessoal treinado, sem dinheiro, sem as condições”.

Cyntia Campos

 

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