Viana esclareceu que governo do Acre se |
Bombardeado por notícias inverídicas e acusações preconceituosas vindas de desinformados, o governo do Acre, que há três anos e meio lida com a massiva entrada de imigrantes vindos do Haiti, é novamente alvo de onda de críticas. Dessa vez, as fontes são jornais brasileiros e autoridades estaduais paulistas que lidam com o problema como se ele tivesse começado há uma semana.
Inconformado com as críticas, que reverberaram no último fim de semana na coluna do jornalista Elio Gaspari, o senador Jorge Viana (PT-AC), em pronunciamento em plenário, pediu à imprensa e às autoridades que não cometam mais injustiças. Gaspari, em sua coluna publicada pelos jornais O Globo e Folha de São Paulo, acusou o governador de “desovar” haitianos em São Paulo, “sem aviso prévio”.
O recente desembarque de 400 haitianos em São Paulo motivou reações, inclusive protestos de representantes do governo paulista. A secretária de Justiça e Defesa da Cidadania do estado, Eloísa Arruda, chegou a dizer que Tião Viana estaria agindo como “coiote”, ou seja, traficante ilegal de imigrantes.
“O que dizem não é verdade. Não há uma ação deliberada do governo de empilhar haitianos dentro de ônibus e despachar para São Paulo”, esclareceu Viana, que reclamou dos termos injustos usados contra o governo e o governador. “Nós praticamente não temos haitianos no estado; o Acre, para eles, é apenas um ponto de passagem, de onde eles partem para encontrar parentes que já estão no Brasil”, destacou Viana.
O senador fez questão de enfatizar que, desde 2010, o governo do Acre lida com a entrada de imigrantes vindos do Haiti depois de percorrer um longo trajeto. “Por que ninguém reclamou dos outros 2,7 mil haitianos que já foram para outros estados, a maioria no Sul?”, questionou Viana.
Quanto aos paulistas, o senador fez um alerta: “Se eles estão reclamando de 400, que se preparem para receber milhares”. Viana destacou que, a cada dia, pelo menos cem haitianos chegam ao Acre, dispostos a trabalhar no País. E assegurou que os imigrantes são acolhidos pelo governo do estado. “E não pela igreja”, discursou, numa clara alfinetada ao governo paulistano, que repassou a igrejas e entidades de assistência o ônus de abrigar e alimentar os estrangeiros.
“Alguém consegue conceber que um governo de estado deixe de receber, acolher e abrigar um imigrante que chega de um país abalado por uma tragédia?”, questionou, referindo-se ao terremoto que praticamente destruiu o Haiti em 2010.
Sobre a migração para outros estados, Jorge Viana recordou que a Constituição garante a qualquer cidadão que esteja no Brasil – brasileiro ou estrangeiro – o direito de ir e vir. “O que está parecendo é que São Paulo precisa ser avisado antes”, ironizou.
Giselle Chassot
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