Senador é um dos signatários de carta entregue à presidenta DilmaO senador Jorge Viana (PT-AC) é um dos signatários da carta apresentada nesta quinta-feira (28) à presidenta Dilma Rousseff pedindo a convocação de eleições imediatas para a Presidência da República. “Assinei essa carta. Eu não ponho a minha assinatura no golpe, eu quero entrar para a história junto com vários colegas que defendem a democracia aqui e que disseram ‘não’ ao golpe”, explicou Viana.
Para ele, ouvir o povo brasileiro é a saída democrática quando setores da elite tramam “na calada da noite, entre goles de uísque”, a deposição de uma governante eleita com 54 milhões de votos para colocar em seu lugar um presidente sem voto.
Em pronunciamento ao plenário nesta quinta-feira (28), Viana voltou a alertar que entregar o governo a quem não foi eleito só vai criar mais instabilidade no País e protestou contra as articulações de Temer, que vem “montando um governo” antes mesmo de que o Senado se manifeste sobre a admissibilidade do impeachment da presidenta. “Isso é um desrespeito à Casa”.
Para o senador, a movimentação de “nomeação de ministros” e convites para cargos é típica de quem “já está contando com o fato consumado. Se o tribunal que vai julgar ainda está se reunindo, hoje é que vai ouvir a acusação, amanhã, a defesa, semana que vem, vai debater, por que o Michel Temer já está montando o Governo? Ele já sabe o resultado da Comissão?”
Chamar o eleitor
Viana defende que diante do golpe em curso e da perspectiva de o País ter um governo absolutamente ilegítimo, só o conjunto dos cidadãos poderão opinar e definir a saída para a crise, por meio de novas eleições. “Vamos chamar o eleitor, fazer um entendimento, modificar a Constituição e trazer a autoridade e a soberania do voto”. E faz um alerta: “Não sei como é que vamos explicar nas ruas o dia seguinte ao golpe”, com a aliança montada por Temer fazendo o País sangrar.
O senador acredita que a presidenta pode fazer um gesto pela pacificação do País e apresentar uma emenda reduzindo seu mandato. “Quero ver se o Congresso aprova. Aí ficará a soberania do voto versus uma ação comandada pelo Eduardo Cunha de golpe”.
Mesmo com a insatisfação com a crise, Viana não crê que a sociedade concorde em ser governada por quem não tem voto. “E se a crise econômica piorar? E se medidas duras tiverem que ser feitas pelo futuro Presidente? É uma situação perigosa. Assumir o Brasil hoje sem a legitimidade das urnas pode agravar ainda mais a crise”, alertou. “Tirar um governo eleito legitimamente é uma chaga na democracia brasileira”.
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