Luiza Trajano defende Dilma e aposta na retomada do crescimento

Luiza Trajano defende Dilma e aposta na retomada do crescimento

Luiza: “Vamos parar de pensar no poder e pensar num projeto para o Brasil” Foto: Wanezza SoaresO ciclo de consumo das famílias mais pobres do País não acabou com o bom momento econômico vivido até 2013 e será importante para o crescimento econômico do Brasil nos próximos anos. Essa é a opinião da empresária Luiza Trajano, dona da rede de varejo Magazine Luiza, publicada no jornal Valor Econômico, desta terça-feira (27).

Apesar do momento que o Brasil atravessa, Luiza reafirmou acreditar no Brasil. “É muito fácil falar que o consumo acabou para quem tem três, quatro casas. Nos próximos anos precisamos construir 23 milhões de casas para a população, então tem muita gente que ainda precisa consumir”, disse.

Durante o evento, “As Empresas Mais Admiradas no Brasil 2015”, promovido pela Carta Capital, a empresária ainda defendeu a presidenta Dilma Rousseff e criticou aqueles que se posicionam favoravelmente a um processo de impeachment.

“A eleição terminou no ano passado e parece que este ano começou um novo ano eleitoral. Vamos parar de pensar no poder e pensar num projeto para o Brasil”, disse.

A empresária foi acompanhada pelos economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto que pediram o fim da instabilidade política para dar início a um processo sólido de recuperação econômica. Ambos também rechaçaram qualquer tentativa de impeachment sem elementos que apontem crime de responsabilidade de Dilma Rousseff.

Com informações da Carta Capital e Valor Econômico

Confira a íntegra das reportagens:

Ciclo de consumo dos mais pobres não acabou, diz empresária – Valor

O ciclo de consumo das famílias mais pobres não acabou com o bom momento econômico vivido até 2013 e será importante para o crescimento econômico do país nos próximos anos. A avaliação é da empresária Luiza Trajano, dona da rede de varejo Magazine Luiza.

“Este está sendo um ano difícil, mas acredito no Brasil. É muito fácil falar que o consumo acabou para quem tem três, quatro casas. Nos próximos anos precisamos construir 23 milhões de casas para a população, então tem muita gente que ainda precisa consumir”, afirmou durante palestra em evento em São Paulo.

A empresária pediu maior protagonismo do setor privado para que o país saia da crise. Na visão dela, a economia não pode ficar presa à crise política. “Faz um ano que a gente não trabalha. A sociedade precisa trabalhar também, o problema não é só dos políticos. Nunca fui tão convidada para dar palestra quanto neste ano, porque me consideram otimista. Mas não sou otimista, só procuro alternativas para a crise”, disse Luiza.

O ex-ministro Delfim Netto, que também participou do debate, afirmou que não enxerga motivos para o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas teceu duras críticas à gestão econômica do primeiro mandato da petista.

“Aturar esse governo é um processo didático e fundamental. Precisamos compreender o que aconteceu. A presidente se perdeu em um momento em que tinha 92% de aprovação da sociedade brasileira. Isso foi no começo de 2012. Terminamos o ano de 2011 com crescimento de 3,9%, superávit primário de 2,9%, e a relação entre dívida e PIB estava caindo”, afirmou Delfim, que ainda pediu: “Dilma, vá ao Congresso Nacional e apresente quatro ou cinco projetos, fixe um limite de idade para a aposentadoria, acabe com as vinculações ao salário mínimo”.

Também presente ao evento, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo defendeu o ajuste fiscal promovido pelo governo, mas afirmou que ele é incompatível com os altos juros praticados pelo Banco Central. Ele ainda se mostrou preocupado com os efeitos econômicos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

“Ela é importante do ponto de vista da cidadania, mas é preciso dar um destino para as empresas. Não podemos destruir um setor inteiro. Foi publicado um pequeno estudo sobre os efeitos da Lava-Jato pelo próprio Ministério da Fazenda. Eles estimaram que a operação tira dois pontos percentuais do crescimento brasileiro”, afirmou o economista.

 

Em evento de CartaCapital, convidados debatem crise e impeachment

Em debate promovido por CartaCapital durante o evento As Empresas Mais Admiradas no Brasil 2015, os economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto, ao lado da empresária Luiza Trajano, clamaram pelo fim da instabilidade política para dar início a um processo sólido de recuperação econômica e rechaçaram qualquer tentativa de impeachment sem elementos que apontem crime de responsabilidade de Dilma Rousseff.

 “A maior perda que podemos ter neste momento é um retrocesso no processo democrático”, disse Belluzzo, complementado por Delfim, no encontro mediado pelo redator-chefe de CartaCapital Sergio Lirio.

“Se houvesse desvio de conduta, não haveria problema com o impeachment. Mas, na forma que está sendo levantada a hipótese, não há justificativa. Isto é uma tapetão inventado. O Brasil não é uma pastelaria.”

Luiza Trajano também posicionou-se contra o afastamento da presidenta. “A eleição terminou no ano passado e parece que este ano começou um novo ano eleitoral. Vamos parar de pensar no poder e pensar num projeto para o Brasil.”

A dona da rede de lojas de varejo Magazine Luiza lembrou as diversas crises pelas quais o País passou desde 1995, entre elas o apagão de 2001, e convidou os colegas a assumir seu papel na recondução do País a uma trajetória de crescimento. “O Brasil é um país maravilhoso, nunca tivemos guerra, está pronto para a integração digital e a inovação. Mas os empresários têm de assumir o protagonismo.”

Netto lembrou ter testemunhado diversas crises nos últimos 60 anos (“fui até responsável por algumas”, brincou) e disse acreditar que o País não perdeu o rumo. “Escolhemos um caminho bom para o Brasil. A Constituição tem seus defeitos, mas propõe uma sociedade equilibrada, razoavelmente igualitária, com oportunidades para todos. A Justiça deve ser dada no ponto de partida, e não no ponto de chegada.”

Belluzzo mostrou sua preocupação com a opinião de alguns colegas de que a ampliação dos direitos sociais e econômicos deve ser suspensa. Mas lembrou a necessidade de sua continuidade estar amparada na administração racional dos gastos públicos. “Os desequilíbrios da estrutura tributária brasileira vem desde 1965. Precisamos de uma outra reforma que transforme o sistema de forma racional e justa.”

Os economistas fizeram ainda críticas ao desequilíbrio entre a política monetária e fiscal. “O governo diz que só vai alcançar a meta em 2017. Mas eles podem falar em 2018, 2019. Com esse descompasso, a situação fica insustentável.

Para Delfim, Dilma precisa assumir seu protagonismo. “Não há como corrigir esse desequilíbrio sem voltar a crescer. Não há como ter equilíbrio fiscal sem a volta da esperança no crescimento.” 

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