Lanceiros negros tiveram participação decisiva na Revolução Farroupilha

Lanceiros negros tiveram participação decisiva na Revolução Farroupilha

“A força dos negros no movimento sulista alimentou a busca pela liberdade de escravos de outras regiões, o que foi uma importante contribuição da Revolução Farroupilha”. Assim o secretário de Representação do Governo do Rio Grande do Sul, Ronaldo Teixeira da Costa, resumiu a participação dos lanceiros negros no episódio que conflagrou o Rio Grande do Sul por dez anos, entre 1835 e 1845.

A história dos lanceiros negros foi um dos destaques da audiência pública realizada nesta terça-feira (20/09), na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, para comemorar o aniversário da Revolução Farroupilha. Os lanceiros formaram uma linha de frente importante do Exército Farroupilha. Para convencer os então escravos a lutar pela causa republicana, foi-lhes prometida a liberdade.

Terminada a revolta, na negociação da paz, os farroupilhas incluíram uma cláusula que concedia a liberdade a todos os negros que lutaram na revolução. Mas os “imperiais” não gostaram. O impasse estava criado e parecia um obstáculo intransponível na resolução da paz. De acordo com historiadores e suas pesquisas recentes, a saída encontrada foi a mais cruel possível: dizimar o exército de negros e garantir a assinatura do tratado de paz.

Presente na audiência, o deputado federal Raul Carrion (PCdoB-RS) ,que é historiador, ressaltou a importância da participação dos negros no movimento articulado contra o Império, no século 19. Ele lembrou que os negros estiveram presentes desde o primeiro momento da revolução e chegaram a compor mais de 50% do exército riograndense. De acordo com o parlamentar e historiador, sem a participação dos negros, não só na resistência armada, mas em outras atividades, a República Riograndense não teria resistido tanto tempo.

Segundo o autor do requerimento para a realização da homenagem, senador Paulo Paim (PT-RS), a Revolução Farroupilha é o “momento histórico mais importante do Rio Grande do Sul”. “Ela representou o desejo de um ideal republicano contra o poder centralizador e escravista do Império. A luta foi conta o Império e não contra o Brasil”, ressaltou.

paim_farroupilhaGuerra contra o Império
A Revolução Farroupilha (1835-1845) foi separatista em relação ao Império, mas não à nação brasileira. A opinião é do diretor cultural da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha (CBTG), Ivo Benfatto, Ivo Benfatto lamentou que a revolução tenha adquirido a pecha de “separatista”. Na opinião dele, o movimento surgiu da vontade de se criar uma república onde a nação fosse preservada.

“O Rio Grande do Sul sempre afirmou sua brasilidade ao longo da história, desde o Tratado de Tordesilhas, quando ficou fora dos domínios de Portugal. Que nenhum brasileiro tenha dúvida da brasilidade do Rio Grande. Somos Brasil acima de tudo” afirmou.

Opinião semelhante foi manifestada pelo deputado federal Raul Carrion: “Foi um movimento separatista circunstancialmente apenas, mas os líderes farroupilhas chamaram as outras províncias para se libertarem do Império. A intenção era criar novas federações para que se unissem num grande estado confederado”, explicou.

As senadoras Ana Amélia (PP-RS) e Marinor Brito (PSOL-PA) também participaram da reunião.

Giselle Chassot com Agência Senado

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