A defesa do presidente Lula encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) novas provas de que a operação Lava Jato tentou investigar, de maneira ilegal, ministros da Corte e de outros tribunais superiores. Em mais um relatório preliminar, no qual encaminharam mais evidências da perseguição a Lula e da submissão da força-tarefa aos interesses norte-americanos, os advogados também mostram que os procuradores falavam da necessidade de investigar ministros dos tribunais superiores.
Como explicam os advogados na petição encaminhada ao STF, o objetivo da força-tarefa de Curitiba era, agindo fora da lei, pressionar os ministros dos tribunais a, quando fossem analisar os casos, não votar contra as condenações em primeira instância, estas já garantidas pelo então juiz Sergio Moro, hoje declarado parcial ao julgar Lula. “O novo material confirma que a ‘lava jato’ tinha alvos pré-definidos e que também buscava criar constrangimentos indevidos a membros dos tribunais superiores com o objetivo de que as decisões da primeira instância não fossem revistas”, escreve a defesa de Lula no documento.
Em um dos diálogos incluídos no documento, de 1º de março de 2015, o procurador Roberson Pozzobon menciona investigações contra “pessoas aí de cima”, ou seja, com prerrogativa de foro e que somente poderiam ser investigadas e processadas pela Procuradoria-Geral da República. “Temos consciência da dificuldade de obter provas fortes em relação aos investigados aí de cima e estamos aqui para reforçar tudo o quanto for possível para a investigação e o processamento deles. Não temos como investigá-los diretamente, mas podemos (e temos feito) ajudar com provas comuns à 1ª instância e ao STF”.
Uma referência a Gilmar Mendes, ministro do STF, aparece em diálogo de 17 de março de 2015. Em dado momento, um dos procuradores pergunta aos colegas: “Será que com o (empresário Adir) Assad chegamos no PSDB-SP? Ou algum outro operador que chegue nos amigos do Gilmar, por isso a novidade?” Há referências, ainda, a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em 12 de maio de 2016, Deltan Dallagnol tratou de uma investigação relacionada ao “ministro do STJ”, esclarecendo depois que se referia ao ministro Ribeiro Dantas, que, na época, era relator da Lava Jato no tribunal.