Lei de Responsabilidade pode ser saída para clubes

Senador Jorge Viana relatou reunião com os dirigentes esportivos sobre a crise no futebol.

Lei de Responsabilidade pode ser saída para clubes

“Pode ser a salvação de muitos clubes de
futebol que estão em crise financeira por não
suportarem o pagamento de salários
milionários”

 

Em discurso na manhã desta sexta-feira (4), o senador Jorge Viana (PT-AC) defendeu a criação de uma legislação, nos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal para as contas públicas, que seja aplicada exclusivamente para os clubes de futebol que enfrentam uma profunda crise financeira. Segundo o senador, em reunião mantida ontem com presidentes de vários clubes – Botafogo, Coritiba e Vitória – eles reportaram que a situação só tende a agravar. “Os clubes de futebol estão passando por dificuldades, independente de estar na Série A ou B, e ouvi desses representantes que possivelmente alguns terão dificuldades de iniciar os campeonatos do ano que vem, justamente no ano da Copa do Mundo que será realizada no Brasil”, afirmou.

Viana contou que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi solidário ao pleito levado pelos representantes dos clubes, para estabelecer um diálogo com o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PCdoB). O propósito, de acordo com Viana, é buscar um acordo de financiamento das dívidas acumuladas nos últimos anos, onde a lei de responsabilidade (para o futebol) deveria prever a retenção dos valores repassados aos clubes do dinheiro arrecadado pelas apostas do Timemania.

“Depois de 60 anos vamos fazer uma nova copa do mundo, mas o fato é que temos novas arenas, vamos sediar um dos maiores eventos do mundo, embora podemos ter um cenário com os clubes locais vivendo uma severa crise, onde um técnico de futebol chega a ganhar R$ 800 mil por mês, praticamente o que um senador da república ganharia em quatro anos”, disse.

Viana contou, também, que na conversa com os presidentes dos clubes ouviu o seguinte relato: o time perde algumas partidas, a torcida exige a troca de treinador e o técnico convidado exige um elevado valor para assumir o comando. Se a proposta para receber R$ 800 mil mensais é rejeitada pelo time, o que acontece é que o técnico diz que vai aguardar outro presidente de clube lhe procurar para então ser contratado. “Quem faz o futebol são os jogadores e o mais lamentável é ter garotos que já estão sendo negociados com idades de 13 anos. Eles ficam famosos, com contas milionárias e perdem a cabeça. O presidente Lula defendeu ter um acolhimento pelos clubes das famílias desses garotos, para evitar que o atleta não corra riscos”, afirmou. “Imagine uma pessoa pobre, humilde. A fama destrói a vida de qualquer um que se deixa levar”, acrescentou.

A lei de responsabilidade aplicada ao futebol, para Viana, pode ser a salvação de muitos clubes de futebol que estão em crise financeira por não suportarem o pagamento de salários milionários. E poderá ser ruim para a imagem do futebol brasileiro a possibilidade de alguns times não iniciarem os campeonatos da Série A e B no ano que vem, ano de copa do mundo, por insuficiência financeira.

Marcello Antunes

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