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Líder do Governo chama Campos Neto para explicar juro mais alto do mundo

Por sugestão de Randolfe Rodrigues, presidente do Banco Central terá que dizer à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado por que continua sabotando a economia do Brasil com Selic a 13,75% ao ano
Líder do Governo chama Campos Neto para explicar juro mais alto do mundo

Presidente do Banco Central, Campos Neto. Foto: Alessandro Dantas

A manutenção da abusiva taxa básica de juros do país (Selic), a mais alta do mundo, será objeto de debate no Senado com o presidente bolsonarista do Banco Central, Roberto Campos Neto. Quatro requerimentos de convite foram aprovados nesta terça-feira (27/6) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Um deles, de autoria do líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), pedia a convocação do dirigente, indicado ao cargo pelo ex-presidente Bolsonaro e com mandato até o fim de 2024. Por acordo, foram votados em bloco todos os requerimentos na forma de convite, conforme previam os outros três pedidos, feitos por senadores bolsonaristas. A data da audiência pública ainda não foi marcada.

“O Brasil está estupefato”, afirmou Randolfe, sobre a decisão tomada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de manter, pela sétima vez consecutiva, “a taxa de juros em estratosféricos 13,75% ao ano”.

“O Banco Central assumiu uma atitude francamente negacionista, atuando agora como um verdadeiro agente desestabilizador da nossa economia”, denunciou.

Nesta terça, o BC divulgou a ata da reunião mostrando que, finalmente, houve uma menção a uma possível redução da Selic no próximo encontro, em 2 de agosto. No entanto, além de ser apenas um sinal de fumaça, a previsão vem com um atraso que compromete, a cada dia, a retomada do crescimento do país. Isso porque, como descreve o líder do Governo, todos os indicadores vêm mostrando redução da inflação, o principal argumento do BC para manter os juros nas alturas.

O assunto tem sido abordado de forma constante pelos senadores. Em pronunciamento nessa segunda-feira (26/6), Paulo Paim (PT-RS) cobrou a redução da taxa pelo bem de toda a população. “A taxa de juros brasileira é a mais alta do mundo e trava o desenvolvimento do país. Reduzir as taxas de juros é agir em nome do interesse público, pelo bem coletivo, prezando pela responsabilidade social e pelo respeito à cidadania”, afirmou.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também registrou sua indignação. “Prévia mostra inflação desacelerando, em 12 meses já recua pra 3,40%. Mas a ata do Copom ainda prega cautela e parcimônia, sinalizando queda dos juros só pra agosto. Tá segurando uma decisão que já podia ter sido tomada antes diante dos sinais positivos da economia. Mesmo que caia, ainda não vai ser suficiente pra deixarmos de ter o maior juros reais do mundo, processo de queda já deveria ter começado pra ter efeito de verdade. Até lá o setor produtivo continua apertado e o povo endividado”, criticou.

“O choque com a decisão do Copom é de fácil compreensão. O Brasil passa por um claro processo de redução da inflação”, esclareceu Randolfe, em seu requerimento. “O IPCA dos últimos meses tem sido reiteradamente abaixo das expectativas, e desacelerou para apenas 0,23% em maio. A projeção de IPCA para 2023 do Relatório Focus — que o Banco Central afirma tanto levar em conta em suas decisões — caiu de mais de 6% para pouco mais de 5% nas últimas semanas. Já a prévia do IGP-M trouxe a maior deflação da história: 6,7% negativo no acumulado em 12 meses. E, talvez ainda mais importante, as expectativas de inflação para 2024 estão dentro do intervalo de flutuação da meta.”

O senador destacou ainda o ambiente econômico favorável criado pela atuação segura do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que reverteram em menos de seis meses as previsões pessimistas do mercado financeiro. A aprovação do regime fiscal sustentável, prestes a ser concluída pela Câmara, e o avanço no debate sobre a reforma tributária contribuíram para o novo momento, destaca Randolfe.

“O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, conseguiu um raro feito: uniu o país contra si. Empresários, trabalhadores, todo o setor produtivo, têm plena consciência do dano à economia gerado pela manutenção da mais alta taxa real de juros do mundo. Mesmo setores que usualmente assentem com uma política monetária mais conservadora hoje concordam que esta decisão do Banco Central está desprovida de lastro na realidade e levantam suas vozes clamando por uma mudança”, registrou.

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