O valor de manter a Floresta Amazônica em pé é cerca de sete vezes superior ao lucro que pode ser obtido por meio de diferentes atividades de exploração econômica da região, de acordo com levantamento publicado pelo Banco Mundial no ano passado. A estimativa do órgão considera que a preservação da floresta vale, ao menos, US$ 317 bilhões por ano – ou R$ 1,5 trilhão.
E esse ativo brasileiro começa a render frutos econômicos ao país. O estado do Pará vendeu quase R$ 1 bilhão de créditos de carbono. O anúncio foi em Nova York, na Semana do Clima – um dos eventos paralelos à Assembleia Geral da ONU.
Os governos dos Estados Unidos, Noruega e Reino Unido, além de empresas como Amazon, Bayer e a Fundação Walmart são alguns dos compradores. O crédito de carbono é uma forma dos setores público e privado compensarem parte das emissões de gás carbônico, o CO2, um dos causadores do aquecimento global.
O governador do Pará, Helder Barbalho, foi quem anunciou nessa terça-feira (24/9) a venda dos créditos de carbono que devem gerar quase R$ 1 bilhão. O Pará fechou um contrato para a venda de 12 milhões de toneladas de crédito de carbono, cada uma vendida a US$ 15 – mais de duas vezes o valor de mercado.
O senador Beto Faro (PA), líder do PT no Senado, destacou a importância da proteção das florestas e como o meio ambiente pode ser economicamente benéfico para o futuro do Brasil.
“A floresta Amazônica representa um terço das florestas tropicais do mundo, desempenhando papel imprescindível na manutenção de serviços ecológicos, a garantia da qualidade do solo, dos estoques de água doce e proteção da biodiversidade. Processos como a evaporação e a transpiração de florestas também ajudam a manter o equilíbrio climático fundamental para outras atividades econômicas, como a agricultura. E isso é um importante ativo para o Brasil como mostra esse importante investimento feito com a compra de créditos de carbono. A manutenção das nossas florestas em pé é vital para o futuro do país”, destacou o líder do PT no Senado.
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou durante a viagem para Nova York, onde ocorre a Assembleia Geral das Nações Unidas, o Tropical Forest Facility Fund (TFFF – Fundo de Apoio às Florestas Tropicais).
Países como o Brasil e nações da África e da Ásia mantêm florestas tropicais, como é o caso da Amazônia, mas não são remunerados pelos serviços ambientais que prestam. O objetivo do fundo é justamente captar recursos com países ricos e remunerar países em desenvolvimento e que mantêm as suas florestas em pé.
A arquitetura financeira do TFFF já despertou interesse de países ricos europeus e até do estado da Califórnia. Segundo Haddad, Alemanha, França e Inglaterra afirmaram que pretendem fazer aportes no fundo.
Desde julho, quando o Brasil assinou um pacto climático com o Tesouro Americano durante eventos do G20 no Rio de Janeiro, a parceria com os Estados Unidos tem se intensificado, principalmente em áreas como financiamento climático e o próprio TFFF.
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