Líderes decidem apelar ao pleno do STF para votar liminar de Fux

Ministra Ideli anuncia, após reunião com líderes do governo e da base de apoio ao Governo, decisão de apelar pela votação do pleno do STF. Encontro também tratou de MPs ameaçadas pela perda de validade.

Ideli anuncia decisão dos lideres de
apelar ao pleno do STF por decisão
definitiva sobre votação dos vetos
presidenciais no Congresso

Agora é oficial: o Congresso Nacional não votará o Orçamento de 2013, enquanto o pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) não decidir sobre a liminar concedida pelo ministro Luiz Fux, em 17 de dezembro do ano passado, suspendendo a urgência determinada pelo Congresso para votar o veto da presidenta Dilma Rousseff da nova lei que estabelece a partilha dos royalties do petróleo. Na mesma decisão, Fux determinou que todos os vetos presidenciais à espera de votação – cerca de 3.100 – sejam votados em ordem cronológica.

A decisão de não votar o Orçamento até a deliberação definitiva do pleno do STF foi anunciada na noite desta segunda-feira (18/02), após reunião no Palácio do Planalto entre a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e os líderes de governo e de todos os partidos da base do governo no Congresso. Os líderes resolveram em conjunto, apelar ao STF – em nome da segurança jurídica – que analisem e votem a sentença preliminar do ministro Fux o quanto antes.

“Todos desejam que o Orçamento seja votado o mais breve possível, para estancar os prejuízos que a suspensão de sua votação está provocando”, disse o líder do PT, Wellington Dias, logo após o término da reunião. “Mas todos querem também que a votação seja feita com segurança jurídica, o que virá com a interpretação definitiva do pleno do STF sobre quais os procedimentos a serem seguidos pelo Congresso”.

A concessão da liminar ordenando a votação de todos os vetos presidenciais antes de qualquer outra decisão do Congresso automaticamente trancou a pauta de votações da Câmara e do Senado – impedindo de imediato a votação de matérias importantes para o País, entre elas o Orçamento no ano de 2013.  O ministro Fux tentou pôr fim ao impasse criado divulgando nota – três dias após ter concedido a liminar –, na qual dizia que sua decisão referia-se apenas à ordem de votação de urgência do veto ao artigo 3º da Lei dos Royalties. O artigo equaliza a distribuição dos royalties e das participações especiais dos contratos entre todos os estados brasileiros, provocando perdas de receitas aos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo – únicos que se beneficiam da partilha atualmente em vigor.Em sua nota de 20 de dezembro, Fux ainda tentou neutralizar a polêmica, dizendo, em nota que sua liminar não trancava a pauta de votações do Congresso, liberando, desta forma, segundo sua interpretação, a votação do Orçamento.

Sua iniciativa, entretanto, não teve êxito, porque, do ponto de vista jurídico, a concessão da liminar tem valor legal decisório – ao contrário da nota de esclarecimento divulgada posteriormente. Em outras palavras, a própria votação do Orçamento – uma das leis mais importantes que o Congresso vota todos os anos – estaria sob risco de ser invalidada, pois a liminar ainda precisa ser analisada e votada pelo pleno do STF para ganhar a chancela de decisão final do Poder Judiciário.

Sem a votação do Orçamento, a União, os Estados e Municípios – todos com verbas asseguradas na lei orçamentária – terão prejuízo estimado pela Advocacia Geral da União (AGU) da ordem de R$ 473 bilhões. Esta foi a cifra que acompanhou a ação entregue pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, no último dia 14 de fevereiro, na qual ele pediu que o pleno do STF dê sua palavra definitiva sobre a liminar concedida por Fux.

Urgência na apreciação de MPs
A reunião de líderes também concordou em apelar aos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que instalem as Comissões Especiais do Congresso para análise de três medidas provisórias que correm o risco de expirar – e perderem validade. As MP que correm esse risco são as de número 595 (a chamada MP dos Portos), que regula as concessões de portos e instalações portuárias, considerada vital para o aprimoramento da infraestrutura nacional; a de número 599, igualmente vital, que autoriza a União a compensar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios com perdas decorrentes da redução das alíquotas de imposto sobre circulação de mercadorias e às Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); a de número 581, que cria o Fundo do Desenvolvimento do Centro-Oeste; e a de número 582, que reduz a incidência da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do Imposto de Renda Sobre o Lucro Real de empresas, entre outras desonerações, com a exigência de contrapartidas dos setores industriais beneficiados.

Todas essas MP são cruciais para o País enfrentar a grave crise econômica que ameaça inúmeros países.

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