Lindbergh defende mudanças na condução da economia para preservar avanços

Lindbergh defende mudanças na condução da economia para preservar avanços

Lindbergh: “O fundamental é desarmar a armadilha recessiva e implantar mecanismos mais flexíveis de gestão macroeconômicaÉ absolutamente normal que a Fundação Perseu Abramo (FPA), mantida pelo Partido dos Trabalhadores, apresente propostas para que o Brasil retome o crescimento econômico, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), referindo-se ao documento divulgado na última segunda-feira (28) pela instituição e produzido por um grupo de economistas. “Estamos num debate público, as várias correntes políticas nacionais trazem sua opinião sobre esse momento da vida econômica”, apontou Lindbergh, em pronunciamento ao plenário, nesta terça-feira (29).

A iniciativa coordenada pela FPA envolveu mais de cem economistas e está resumida no Manifesto por um Brasil justo e democrático. Além da apresentação feita ontem, o documento terá lançamentos em todas as capitais do Brasil. O manifesto está dividido em dois volumes: Mudar para sair da crise – alternativas para o Brasil voltar a crescer, mais voltado para a análise da atual crise e das soluções para sua superação  e O Brasil que queremos – subsídios para um projeto de desenvolvimento nacional, que propõe uma reflexão de mais fôlego e propostas com caráter estratégico.

Há 15 dias, lembrou Lindbergh, foi a vez de economistas tucanos também apresentarem suas propostas, sem causar qualquer estranheza. Para o senador petista, porém, as propostas tucanas não oferecem saída. Esse material  teve entre seus formuladores o ex-presidente do Banco Central no governo FHC, Armínio Fraga. “Dessas propostas eu discordo”, afirmou Lindbergh, para quem o caminho oferecido pelos economistas do PSDB é o aprofundamento de cortes em programas sociais, em saúde e em educação, prejudicando o povo mais pobre, “que é quem precisa desse serviço público na ponta”.

Já as propostas apresentadas pela Fundação Perseu Abramo, formuladas por economistas do campo progressista, coordenados por Luiz Gonzaga Belluzzo e Marcio Pochmann, presidente da instituição, “partem da constatação de que esse ajuste que está aí, comandado pelo ministro (da Fazenda, Joaquim) Levy, não está dando certo. Fracassou”, afirmou Lindbergh. “Começamos um ajuste com o objetivo de melhorar a situação fiscal do País. Pois bem, no final do ano passado, nós tínhamos um déficit nominal de 6,7%. Pois, com ajuste e o déficit nominal cresceu, alcançando  8,8% no final de julho”.

Para Lindbergh, a solução não é tirar serviço público de quem precisa, mas mudar a política monetária do Banco Central. Ele destacou o crescimento do percentual do PIB gasto no pagamento dos juros — 4,83% em 2012, 5,1% em 2013, 6,1% em 2014. Este ano, destacou o senador, o acumulado de 12meses verificado em julho já chega aos 7,99%. “Estamos enxugando gelo”, afirmou.

O senador petista concorda com a análise da FPA de que a lógica que preside a condução do atual ajuste fiscal é a defesa dos interesses dos grandes bancos e fundos de investimento. “Eles querem capturar o Estado e submetê-lo a seu estrito controle, privatizar bens públicos, apropriar-se da receita pública, baratear o custo da força de trabalho e fazer regredir o sistema de proteção social. Para alcançar estes objetivos, restringem as demandas por direitos e a capacidade de pressão dos trabalhadores”, afirmou. O resultado será a recessão.

O senador defende mudanças na condução da economia para preservar o emprego e a renda, frear o crescimento da desigualdade de renda, que coloca por terra os avanços obtidos nos últimos anos. Lindbergh concorda que o fundamental é “desarmar a armadilha recessiva” e implantar mecanismos mais flexíveis de gestão macroeconômica. Outros pontos do manifesto defendidos por ele são o fortalecimento do mercado interno e a preservação dos gastos sociais.

“Defendo o governo da presidenta Dilma, mas eu estou convencido de que esta defesa tem que vir junto de uma manifestação de luta pela mudança dessa política econômica. Se continuarmos nesse ritmo, poderemos ter um desemprego de 10% em março do próximo ano. E nós diminuímos dessa forma a nossa margem de manobra política para defender o mandato constitucional da Presidente da República”, alertou o senador.

Cyntia Campos

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