Dilma afirmou que as mudanças estão sendo feitas e são apenas o começo. “Sabemos que democracia gera desejo de mais democracia”.
“Nós temos o direito de reivindicar tudo que falta, |
No encontro para comemorar os dez anos das conquistas sociais e econômicas dos governos do Partido dos Trabalhadores, que teve a presença da presidenta Dilma Rousseff, do presidente do PT, Rui Falcão, e de diversas autoridades, o ex-presidente Lula observou que tem gente disposta a fazer de tudo para que as pessoas esqueçam o que foi feito nos últimos dez anos. “Nós temos o direito de reivindicar tudo que falta, mas temos a obrigação de reconhecer tudo que conquistamos”. O ex-presidente lembrou que uma das grandes conquistas da última década foi o direito de o Brasil andar de cabeça erguida no mundo inteiro.
A política foi apontada por Lula como o único caminho possível para solucionar os problemas. O ex-presidente ressaltou que todas as vezes em que um discurso anti-político prosperou, as consequências foram o nazismo, o fascismo e a ditadura. “A única coisa que nós políticos não podemos é ter vergonha de ser políticos”, defendeu.
Já a presidenta Dilma disse que o momento atual do Brasil não pode ser visto como marco zero das mudanças. “Vejo gente tentando interpretar a voz das ruas como a demonstração de que nada foi feito até aqui”. Ela afirmou que as mudanças estão sendo feitas e são apenas o começo. “Sabemos que democracia gera desejo de mais democracia”, comentou.
Preconceito
O ex-presidente Lula ainda criticou a imprensa e recordou ter sido vítima de maldades e preconceitos, onde a cada dia uma notícia procurava e procura estabelecer uma divergência entre ele e a presidenta Dilma Rousseff. “Eu não sei quem descobre umas divergências que não existem. Eu fui presidente da República e muitas vezes não pude ir a uma reunião do diretório do PT e nem por isso teve divergência. O PT apoia 150% a presidenta Dilma, se precisar 200%. Não há hipótese de ter divergência que não possa ser superada. Se tiver alguma coisa, será discutido entre o partido e a presidenta”, afirmou.
No último sábado (20), por exemplo, uma reunião do Diretório Nacional em Brasília contava com a presença da presidenta Dilma que havia sido convidada, mas desde que esse convite foi formulado, no dia 9 de julho, durante reunião da Executiva Nacional, o presidente do PT, Rui Falcão, havia informado os presentes que a presença dependeria da agenda da presidenta, algo natural. Dilma não pôde ir e a partir daí a imprensa começou a enxergar as tais divergências.
Segundo Lula, sua sucessora sofre mais preconceito do que ele no Planalto. “Tentaram fazer a Dilma diferente do Lula. Tentaram criar uma divisão entre nós. Ela deu um chega para lá. Depois tentaram sempre mostrar diferença, mas depois que viram que não tinham. Eles estão com preconceito contra Dilma maior do que o que tinham contra mim. É a maior falta de respeito a uma mulher da qualidade da Dilma Rousseff. Será que eles têm essa falta de respeito com a mãe deles, com a mulher deles, como têm com a Dilma?”, perguntou.
Desigualdades
Lula também esteve nesta semana em Brasília, para participar do Festival Latinidades, onde fez uma palestra com o tema “Desigualdades raciais e políticas públicas no seu governo e na sua atuação pós-governo”. Ele destacou
o preconceito que enfrentou por ter proximidade com mães de santo e terreiros e ressaltou que fazia questão de dizer a todos que “a liberdade só é válida para você, se aceitar a liberdade dos outros. Não existe liberdade pela metade”, disse ele.
Para Lula, há certa invisibilidade dos problemas que a população negra vive e das ações que foram feitas na última década para enfrentar tal situação. “Quantas jornalistas negras estão cobrindo este evento?”, questionou. “Com o Prouni e o Reuni, isso logo vai mudar”, completou.
O ex-presidente abordou, ainda, temas da política nacional e falou que resolveu voltar a deixar as unhas crescerem já que a presidente Dilma Rousseff é alvo de preconceito de conservadores. “Eu acho que a gente tem que dizer que a Dilma não é nada mais do que uma extensão da gente lá. Nós somos responsáveis pelos erros e acertos. Portanto, o que a gente percebe é que mais uma vez os setores conservadores começam a colocar as unhas do lado de fora e eu, que já estava cortando as minhas com os dentes, vou deixar a bichinha crescer”, afirmou.
Mais uma vez, Lula reafirmou sua atuação na vida política brasileira e defendeu o governo da presidenta Dilma. “Eu não fiz tudo que fiz na vida para agora achar que estou errado, estou mais motivado. Se alguém pensa que Lulinha está com 67 anos, pegou câncer e está velho, saiba que com pernambucano não acontece isso. Eu não tenho tempo para parar e não preciso ser governo para fazer as coisas nesse país. Vou continuar incomodando, falando e ajudando a companheira Dilma”, completou.
Com informações de agências onlines
Foto: Instituto Lula