Bruno Peres/Agência Brasil

Na abertura da COP-30, Lula critica extremistas que usam notícias falsas para sabotar agenda climática
O presidente Lula reafirmou a liderança brasileira na agenda ambiental ao abrir a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém (PA), no coração da Amazônia. Diante de chefes de estado e autoridades mundiais no tema, Lula defendeu a transição energética e a proteção da natureza e conclamou os países ricos a contribuir com fundo proposto pelo Brasil para mitigar os efeitos da crise climática.
O presidente também criticou extremistas que se utilizam de notícias falsas e agridem o consenso científico para travar a agenda climática e ameaçar o futuro da humanidade.
“Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras em um modelo ultrapassado que perpetua as disparidades sociais,” sentenciou Lula.
A COP-30 em Belém acontece três décadas após a Conferência do Clima Rio-92. “A conferência volta para casa”, disse Lula. O presidente considerou um simbolismo positivo a realização do evento na Amazônia Brasileira, escolha que confronta a “diplomacia dos salões” com a realidade das populações afetadas pela urgência climática.
“Pela primeira vez na história, uma COP do clima terá lugar no coração da Amazônia. No imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica. É a vez dos amazônidas indagarem o que está sendo feito pelo resto do mundo para evitar o colapso de suas casas”, disse o presidente, lembrando que o desmatamento na Amazônia brasileira caiu significativamente durante seu terceiro mandato, revertendo a tendência de alta dos anos Temer e Bolsonaro.
Lula fez um tributo à complexidade do bioma amazônico, mencionando os milhares de rios e igarapés da maior bacia hidrográfica do planeta, a diversidade de espécies e, principalmente, os “milhões de pessoas e centenas de povos indígenas cujas vidas são atravessadas pelo falso dilema entre a prosperidade e a preservação” que residem na região. O presidente concluiu o pronunciamento com um agradecimento aos trabalhadores paraenses que se esforçaram para colocar de pé a estrutura necessária para que Belém pudesse receber os mais de 40 chefes de estado e de governo que vieram à COP-30.
Senadores
Presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) fez coro ao pronunciamento do líder brasileiro a respeito da importância do multilateralismo. “Torço para que o mundo possa convergir e buscar caminhos para fazer frente à crise climática. Este é um desafio global que só será superado com parceria, comprometimento, confiança e solidariedade entre as nações”, disse.
O senador Humberto Costa (PT-PE) ressaltou os compromissos do Brasil com a agenda ambiental, citando a NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês), compromisso de cada país com redução das emissões.
“Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade do seu compromisso com o planeta. O Brasil apresentou sua nova NDC, comprometendo-se a reduzir entre 59% e 67% as emissões de todos os gases de efeito estufa, em todos os setores da economia. E os outros países precisam fazer isso. O fato de ela acontecer na Amazônia é muito simbólico porque a Amazônia é o bioma que pode definir o destino do clima global, afirmou.”
Já a senadora Augusta Brito (PT-CE) elogiou o esforço de Lula em tirar a discussão climática da abstração, uma vez que a urgência do tema tem impacto direto na vida das pessoas, especialmente as mais pobres.
“É muito bom saber que temos o presidente Lula na liderança desse evento. Para muita gente pode parecer que é um evento distante, cheio de debates técnicos e decisões internacionais, mas a verdade é que o futuro da nossa vida passa pelo que vai acontecer em Belém. O clima não é uma discussão abstrata, está na água que bebemos, na comida que chega à mesa, no preço dos alimentos, nas cidades que precisamos proteger da seca ou das enchentes. Lula fez um chamado à responsabilidade coletiva, à inovação, ao cuidado com a natureza e com as pessoas, sobretudo as que mais precisam”, disse.
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-PE), disse que a atuação brasileira nas discussões mundiais sobre o clima vai além da retórica, porque é parte de um projeto político de justiça social. “O presidente Lula mostrou ao mundo, mais uma vez, a importância do Brasil no debate climático e na defesa da soberania nacional, e colocou o mundo diante da realidade de quem vive os efeitos das mudanças climáticas no dia a dia. Isso é o coração do nosso projeto, que foca em um Brasil que protege a natureza, mas também garante dignidade e oportunidade para o seu povo”, afirmou.
Fazendo coro ao que disse o presidente Lula, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) lembrou que é falsa a contradição entre desenvolvimento humano e preservação ambiental. “O presidente fez um chamado para que o mundo se comprometa definitivamente com a agenda ambiental, abordando que não há contradição entre preservação e prosperidade e que o bem comum deve ser capaz de superar interesses particulares. Nossa expectativa é que uma COP tão simbólica quanto a nossa, realizada na Amazônia, seja um marco de uma mobilização coletiva”, afirmou.



