Mais mulheres nos espaços de poder e decisão – Por Ana Rita

Apesar do aumento do “poder feminino”, ainda há poucas brasileiras na política.

Logo após consolidar os resultados do primeiro turno das eleições municipais deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral anunciou dados que confirmam uma tendência em nosso País: o aumento da participação feminina nos espaços de poder e de decisão.

Segundo o TSE, 663 mulheres foram eleitas no primeiro turno e vão assumir prefeituras em 2013. Elas representam 12,03% dos eleitos até agora para os Executivos municipais.

O percentual de candidatas também aumentou 21,3% neste ano, em relação a 2008. Os dados mostram a força das mulheres no interior do País, com o maior número de prefeitas eleitas.

O recorde de eleitas é positivo, deve ser comemorado e reflete uma tendência: o Brasil vive um momento novo para as mulheres com a eleição da presidenta Dilma Rousseff.

O governo e a presidenta são referência. O expressivo número de ministras escolhidas para compor o primeiro escalão – dez ao todo – além da presidência de uma das maiores e mais importantes empresas do mundo, a Petrobrás, motivou muitas mulheres a participarem mais ativamente da vida política.

A eleição de Dilma dá maior visibilidade à luta do movimento feminista e de todas e todos que batalham pela consolidação da democracia brasileira.

Transformar a situação de sub-representação da mulher nos espaços de poder é promover a participação igualitária, plural e multirracial. Somos mais da metade da população e do eleitorado. Temos maior escolaridade. Representamos quase a metade da população economicamente ativa. Contudo, continuamos excluídas.

Embora exista um esforço para vencer esta barreira, ocupamos menos de 20% dos cargos de maior nível hierárquico no Parlamento, nos governos municipais e estaduais.

Não existe motivo e nem é aceitável a sub-representação feminina nos espaços de poder. Tais distorções fazem com que a democracia brasileira não seja representativa e participativa.

É preciso mudar este quadro de forma significativa, reforçar nas ruas a nossa luta e ampliar as políticas públicas para acabar com tamanha desigualdade. Não queremos apenas o cumprimento da cota mínima de 30% de mulheres entre os candidatos inscritos nas eleições proporcionais. Queremos paridade. Isto só se constrói com reforma política.

Felizmente, as urnas, no primeiro turno destas eleições, mostraram que homens e mulheres estão optando pelo caminho da igualdade e dizendo não ao preconceito e a discriminação.

*Ana Rita é senadora da República pelo PT/ES, vice-presidenta da Comissão de Direitos Humanos e relatora da CPMI que investiga a violência contra mulheres no País

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