Marco Maia protesta contra “tom desrespeitoso” da revista Veja

Em nota, Marco Maia diz que, na CPI Mista, haverá uma investigação sobre as relações de jornalistas com grupos clandestinos de espionagem. Veja a nota completa.

Em reportagem de capa desta semana, a revista Veja destrata o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), em texto que ocupa sua capa com os dizeres “Mensalão – A cortina de fumaça do PT para encobrir o maior escândalo de corrupção da história do País”.

O texto recorre a empoeirados argumentos da direita ultraconservadora para ultrajar o PT e seus parlamentares, eleitores e militantes. Chega a ressuscitar Joseph Stalin, mas não convence. O que fica demonstrado, na verdade, é o temor de que a CPMI do caso Cachoeira revele sua participação na organização do contraventor.

Em sua nota de contestação à revista, Marco Maia garantiu que haverá uma investigação sobre as relações de jornalistas com grupos clandestinos de espionagem e lembrou o caso do News of the World, que fechou as portas após a descoberta de que publicava grampos ilícitos. Há, porém, uma diferença: o jornal londrino que foi fechado utilizava a espionagem ilegal para vender mais nas bancas; quanto aos objetivos da revista brasileira, a CPMI vai tentar revelar.

Leia, abaixo, a íntegra da nota de Marco Maia.

Tendo em vista a publicação, na edição desta semana, de mais uma matéria opinativa por parte da revista Veja do Grupo Abril, desferindo um novo ataque desrespeitoso e grosseiro contra minha pessoa, sinto-me no dever de prestar os esclarecimentos a seguir em respeito aos cidadãos brasileiros, em especial aos leitores da referida revista e aos meus eleitores:

– a decisão de instalação de uma CPMI, reunindo Senado e Câmara Federal, resultou do entendimento quase unânime por parte do conjunto de partidos políticos com representação no Congresso Nacional sobre a necessidade de investigar as denúncias que se tornaram públicas, envolvendo as relações entre o contraventor conhecido como Carlinhos Cachoeira com integrantes dos setores público e privado, entre eles a imprensa;

– não é verdadeira, portanto, a tese que a referida matéria tenta construir (de forma arrogante e totalitária) de que esta CPMI seja um ato que vise tão somente confundir a opinião pública no momento em que o judiciário prepara-se para julgar as responsabilidades de diversos políticos citados no processo conhecido como “Mensalão”;

– também não é verdadeira a tese, que a revista Veja tenta construir (também de forma totalitária), de que esta CPMI tem como um dos objetivos realizar uma caça a jornalistas que tenham realizado denúncias contra este ou aquele partido ou pessoa. Mas posso assegurar que haverá, sim, investigações sobre as graves denúncias de que o contraventor Carlinhos Cachoeira abastecia jornalistas e veículos de imprensa com informações obtidas a partir de um esquema clandestino de arapongagem;

– vale lembrar que, há pouco tempo, um importante jornal inglês foi obrigado a fechar as portas por denúncias menos graves do que estas. Isto sem falar na defesa que a matéria da Veja faz da cartilha fascista de que os fins justificam os meios ao defender o uso de meios espúrios para alcançar seus objetivos;

– afinal, por que a revista Veja é tão crítica em relação à instalação desta CPMI? Por que a Veja ataca esta CPMI? Por que a Veja, há duas semanas, não publicou uma linha sequer sobre as denúncias que envolviam até então somente o senador Demóstenes Torres, quando todos (destaco “todos”) os demais veículos da imprensa buscavam desvendar as denúncias?

Por que não investigar possíveis desvios de conduta da imprensa? Vai mal a Veja!;

– o que mais surpreende é o fato de que, em nenhum momento nas minhas declarações durante a última semana, falei especificamente sobre a revista, apontei envolvidos, ou mesmo emiti juízo de valor sobre o que é certo ou errado no comportamento da imprensa ou de qualquer envolvido no esquema. Ao contrário, apenas afirmei a necessidade de investigar tudo o que diz respeito às relações criminosas apontadas pelas Operações Monte Carlo e Vegas;

– não é a primeira vez que a revista Veja realiza matérias, aparentemente jornalísticas, mas com cunho opinativo, exagerando nos adjetivos a mim, sem sequer, como manda qualquer manual de jornalismo, ouvir as partes, o que não aconteceu em relação à minha pessoa (confesso que não entendo o porquê), demonstrando o emprego de métodos pouco jornalísticos, o que não colabora com a consolidação da democracia que tanto depende do uso responsável da liberdade de imprensa.

Dep. Marco Maia,

Presidente da Câmara dos Deputados

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