A demolição que Jair Bolsonaro e seus cúmplices promovem no Ministério da Educação (MEC) desde 2019 fez do Brasil o segundo, entre 45 países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com a maior proporção de jovens entre 18 e 24 anos que não estudam nem trabalham. Apenas a África do Sul (46,2%) supera o Brasil (35,9%) nessa triste estimativa.
Os dados do relatório Education at a Glance 2022, que a OCDE divulgou nesta segunda-feira (3), também apontam que a proporção brasileira é o dobro da média dos países membros da OCDE, de 16,6% de jovens dessa faixa etária que não conseguem emprego e também não concluem os estudos. A Holanda apresenta a menor estimativa: 4,6%.
O levantamento incluiu os 38 países membros da OCDE, além de Brasil, Argentina, China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita e África do Sul. O Brasil também é o segundo entre os países avaliados com a maior proporção de jovens por mais tempo nessa condição: 5,1% sem trabalho ou escola há mais de um ano.
O relatório destaca ainda que, no Brasil, só 33% dos alunos do ensino superior conseguem terminar a graduação no prazo previsto. Quase metade (49%) só conclui o curso três anos após o período programado. O restante desiste da graduação ou se gradua em um tempo ainda maior.
Conforme os pesquisadores da OCDE, os dados indicam uma falta crônica de oportunidades para os jovens brasileiros. Justamente a faixa etária que se encontra em transição da escola para o mundo do trabalho, quando deveriam estar cursando uma graduação ou curso técnico para elevar as chances de conseguir um emprego. Se continuam muito tempo nessa condição, vão se distanciando do mercado de trabalho.
“Esse grupo, dos que não trabalham e não estudam, deveria ser uma grande preocupação para os governos, já que alertam para uma situação negativa de desemprego e desigualdades sociais”, afirma o relatório da OCDE. “É essencial que os países tenham políticas para prevenir que os jovens se tornem parte desse grupo ou que busquem ajudá-los a encontrar um emprego ou voltem a estudar.”