A expectativa gerada em parte da população com a ocupação de militares das Forças Armadas no atual governo tem se transformado rapidamente me frustração. Para aqueles que esperavam uma atuação de moderação frente aos arroubos de Bolsonaro e de seus colaboradores mais extremistas, tem visto militares sendo desautorizados e, até mesmo, utilizando o aparato do Estado em prol de governos.
Na última semana, o general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, foi obrigado a recuar de acordo fechado para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina produzida em parceria pela Sinovac e o Instituto Butantan.
O governo Jair Bolsonaro enviou agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), realizada em dezembro do ano passado, em Madri, na Espanha. Durante a reunião, segundo apurou o Estadão, eles monitoraram organizações não governamentais (ONGs), integrantes da comitiva brasileira e representantes de delegações estrangeiras.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) criticou essa confusão entre o papel das Forças Armadas como estrutura do Estado e a presença de militares dentro do governo Bolsonaro.
“A expectativa da sociedade era de que a presença de militares neste governo cumprisse um papel moderador. Hoje o que vemos é a desautorização e a tentativa de desmoralização das Forças Armadas”, lamentou o senador.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) destacou a informação de que a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) procurou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para obter ajuda sobre supostas ilegalidades cometidas por servidores da Receita Federal, no Rio de Janeiro, durante a produção de relatórios que apontaram movimentações suspeitas em contas do senador.
“Para salvar a pele do Zero Um foram escalados, por debaixo dos panos, o Gabinete de Segurança Institucional, a Agência Brasileira de Inteligência, a Receita Federal e o Serpro. O Estado brasileiro a serviço da milícia”, criticou.