Ministério da Saúde faz mobilização para testagem de HIV

Durante 10 dias, quem saber fazer o teste pode procurar as unidades da rede pública e os Centros de Testagem e Aconselhamento

 

O Ministério da Saúde, em parceria com estados, municípios e sociedade civil, promove uma mobilização nacional para testagem HIV e outras doenças infectocontagiosas, como sífilis e hepatites virais (B e C). Durante 10 dias, todas as pessoas que desejarem saber sua condição podem procurar as unidades da rede pública e os Centros de Testagem e Aconselhamento – CTA, em todo o país. A estratégia faz parte das ações que marcam o Dia Mundial de Luta contra a Aids, lembrado em 1º de dezembro, e que foi apresentada nesta terça-feira (20/11) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. 

A partir dessa quinta-feira (22/11) até 1º de dezembro as unidades da estratégia de mobilização “Fique Sabendo” estarão em todas os estados do País, oferecendo a testagem para HIV/Aids, sífilis e hepatites B e C.  Com apenas uma gota de sangue colhida, o resultado do teste rápido sai em 30 minutos. A pessoa com diagnóstico positivo recebe aconselhamento antes e depois do exame, e em caso positivo, é encaminhada para o serviço especializado.

“O diagnóstico precoce produz dois impactos positivos: o individual e o coletivo. Primeiro, é importante que o paciente saiba que está infectado, isso possibilita um tratamento eficaz e mais rápido, reduzindo os riscos e melhorando a qualidade de vida. Segundo, reduz a carga viral negativa. Viver com HIV não é simples, mas saber é muito melhor”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

Cerca de 70% dos pacientes que vivem com Aids no Brasil e que estão em terapia antirretroviral, apresentam cargas virais indetectáveis. Isso significa que as pessoas que têm a infecção e recebem medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão vivendo cada vez mais. “O Ministério da Saúde considerou como prioridade trabalhar, não apenas o dia de combate à Aids, como também essa ação de mobilização. A campanha serve para alertar sobre a importância do diagnóstico precoce, com ampliação do acesso da população aos testes rápidos nas unidades básicas de saúde”, frisou o ministro da Saúde Alexandre Padilha.

Teste rápido

Desde a sua implantação em 2005, foi registrado aumento de 340% no número de testes ofertados (de 528 mil, 2005, para 2,3 milhões, em 2011). De janeiro a setembro deste ano, já foram distribuídas 2,1 milhões de unidades do exame. A expectativa é fechar 2012 com a remessa de cerca de 2,9 milhões, apenas para detecção do HIV.

Para a Mobilização Nacional, o Ministério da Saúde enviou às capitais, 386.890 testes rápidos para HIV, 182.500 para sífilis, 93 mil para hepatite B e 93 mil para a C. No total, foram 755.390 unidades de insumos, conforme a solicitação de cada estado. Os testes rápidos para diagnóstico de HIV/Aids, hepatites virais e sífilis estão disponíveis, gratuitamente, em toda a Rede Pública de Saúde.

“A política de acesso aos testes tem mostrado estar no caminho certo. Segundo Pesquisa de Comportamentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira (PCAP), a realização de testagem de HIV passou de 20%, em 1998, para quase 40% na população adulta brasileira, em 2008”, observa o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco.

Dados epidemiológicos 

 A taxa de incidência de Aids no Brasil tem se mantido nos mesmos patamares, nos anos recentes, embora apresente diferenças regionais. Esses e outros dados epidemiológicos da Aids serão destaques do Boletim Epidemiológico que será lançado no dia 1 de dezembro, com números atualizados até junho de 2012.  Os dados apontam que a taxa de incidência da doença no Brasil, em 2011, foi de 20,2 por 100.000 habitantes. Nesse ano, foram registrados 38,8 mil casos novos da doença. O maior volume de casos continua concentrado nos grandes centros urbanos.

 A região Sudeste apresenta redução nas taxas de incidência de 27,5 casos (para cada 100 mil) –  em 2002 – para 21,0 em 2011.  Nas regiões Sul, Norte e Nordeste, há leve tendência de aumento. O Centro-Oeste apresenta comportamento similar ao Brasil, ou seja, a epidemia continua no mesmo patamar.

 A taxa de prevalência (percentual de pessoas infectadas pelo HIV), em 2010, foi estimada em 0,42%. Em relação à mortalidade, o Brasil apresentou média de 11.300 óbitos por ano na última década. O coeficiente de mortalidade padronizado (número de óbitos para cada 100 mil habitantes utilizando-se uma população padrão) vem apresentando queda. Enquanto em 2000, era de 6,3, em 2011 o número registrado foi 5,6, o que representa redução de 12%. O diagnóstico precoce seguido do acesso, em tempo oportuno, à terapia antirretroviral explica a queda de óbitos .

Monitoramento 

O aumento do diagnóstico tem se refletido no crescimento da proporção de indivíduos HIV positivos que são identificados precocemente. Em 2006, 32% dos pacientes chegavam ao serviço de saúde com contagem de CD4 superior a 500 células por mm3, o que indica que o sistema imunológico do paciente ainda não está comprometido. Em 2010, esse percentual subiu para 37%.

A incorporação de novos medicamentos no tratamento também tem contribuído para diminuir as estatísticas de óbitos em consequência da infecção. Em 2010, a etravirina passou a ser oferecida no SUS para pacientes com resistência aos outros antirretrovirais. Já o tipranavir foi incluído no rol de medicamentos disponíveis no país, desde o ano passado. É o primeiro antirretroviral de resgate terapêutico que poderá ser utilizado por crianças de 2 a 6 anos de idade.

Em outubro desse ano, o Ministério da Saúde assinou acordo com os laboratórios Farmanguinhos, Fundação Ezequiel Dias e Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco para a fabricação da dose fixa combinada (uma só pílula) dos antirretrovirais tenofovir, lamivudina e efavirenz, o chamado tratamento 2.0. A iniciativa vai facilitar a adesão do paciente ao tratamento, seguindo tendência mundial de simplificar os esquemas de terapia. A expectativa é que o comprimido único já esteja disponível no SUS em 2013.

O Ministério também está incorporando, como parte do arsenal terapêutico de medicamentos de terceira linha (esquemas de resgate para pacientes que não responderam satisfatoriamente aos de primeira e de segunda linha), o maraviroque. O antirretroviral pertence a uma nova classe de medicamentos e, inicialmente, irá beneficiar 300 pacientes no país, a partir de próximo ano. Será o quinto antirretroviral de terceira linha disponibilizado pelo Governo.

Com informações do Ministério da Saúde

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