O ministro da Educação do governo Bolsonaro, pastor Milton Ribeiro, foi flagrado, em conversas gravadas, admitindo que prioriza a liberação de recursos públicos para prefeituras parceiras de dois pastores evangélicos que não possuem cargos no governo. Mesmo assim, eles atuam informalmente na liberação de recursos. E pior: o dinheiro é liberado a pedido de Jair Bolsonaro.
“O ministro da Educação foi gravado confirmando que o esquema de priorizar verbas da educação para prefeituras indicadas por dois pastores amigos do presidente é um pedido especial do próprio Bolsonaro. Gravíssimo”, criticou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura têm, ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia. Na reunião dentro do MEC, Ribeiro falava sobre o orçamento da pasta, cortes de recursos da educação e a liberação de dinheiro para essas obras na presença de prefeitos, lideranças do FNDE e dos pastores Gilmar e Arilton.
“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, diz o ministro na conversa gravada. O ministro ainda indica haver uma contrapartida na liberação dos recursos para a construção de igrejas.
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), classificou como uma coisa “indecorosa” o áudio do ministro. Para ele, é urgente que o Congresso Nacional tome providências contra mais essa farra do governo Bolsonaro com o dinheiro do povo.
“Um esquema criminoso colocar a educação do Brasil a serviço de igrejas com liberação de verbas do MEC para amigos do pastor Gilmar e a pedido do Bolsonaro”, criticou o líder.
É uma coisa INDECOROSA este áudio de Milton Ribeiro, Ministro da Educação de Bolsonaro. Um esquema criminoso colocar a educação do Brasil a serviço de Igrejas com liberação de verbas do MEC para “AMIGOS DO PASTOR GILMAR” e “a pedido do Bolsonaro “. pic.twitter.com/se8tP9R2hl
— Paulo Rocha (@senadorpaulor) March 22, 2022
“Governo criminoso. Em áudio, o ministro da Educação admitiu favorecer pastores com repasses de recursos públicos a pedido de Bolsonaro. É uma prova incontestável de que há tráfico de influência no governo. O presidente cometeu mais um crime de responsabilidade”, apontou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Já o senador Fabiano Contarato (PT-ES) informou que pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) a imediata abertura de inquérito para apurar as denúncias envolvendo o ministro Milton Ribeiro. “Milton Ribeiro converteu o MEC num balcão de negócios para suas traficâncias rasteiras, negociando favores públicos à luz do dia”, disse.
Os recursos obtidos pelos prefeitos, por intermédio dos pastores, são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e destinados à reforma e construção de escolas e creches. Também podem ser usados para adquirir ônibus escolares e materiais didáticos, entre outros itens.
O Orçamento do Fundo para 2022 é de R$ 45,6 bilhões, dos quais R$ 18,5 bilhões estão reservados para transferências a estados e municípios.
“A existência de um gabinete paralelo no MEC é criminosa. Exigimos que medidas sejam tomadas. Milton Ribeiro deveria dar prioridade as universidades e escolas e não aos amigos pastores do Bolsonaro”, manifestou a União Nacional dos Estudantes (UNE), nas redes sociais.
Após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo denunciando o esquema criminoso no Ministério da Educação, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou requerimento na Câmara para solicitar a convocação do ministro para obter esclarecimentos sobre a operação do suposto gabinete paralelo.
Com informações de agências de notícias