Movimentos econômicos – Por José Dirceu

O ano de 2011 foi, na economia, de ajustes finos implementados pelo Brasil balizados pelo olhar no contexto internacional.

O ano de 2011 foi, na economia, de ajustes finos implementados pelo Brasil balizados pelo olhar no contexto internacional. Entramos 2011 com uma atividade econômica em franca expansão, enquanto o eixo EUA-Europa vivia dificuldades e nuvens negras no horizonte. As fortes pressões por políticas de juros mais altos ignoravam os sinais de que a inflação repicava, mas não estava fora de controle, e fizeram o Banco Central se preocupar em conter a demanda -em agosto, a Selic era de 12,25%, sobrepondo-se a medidas de forte restrição ao crédito. Mas o céu cinza virou tempestade na Europa.

 

Grécia, Itália, Espanha e Portugal, principalmente, passaram o ano sob tensão e desconfianças, às voltas com os planos de Alemanha e França que i mpunham como saldo um negativo a mbiente socioeconômico de recessão: desemprego em massa, corte de benefícios sociais, elevação de impostos e insatisfação popular. Aprofundando essa fórmula, depois de intervirem na formação dos governos grego e italiano, França e Alemanha conduzem agora a Europa a um mar de incertezas sobre o que será de 2012.

Atento a esse quadro externo que acirrou as disputas comerciais, o governo da presidenta, Dilma Rousseff, antecipou-se e surpreendeu o mercado ao reverter a trajetória dos juros. O exagero na dose do remédio usado no primeiro semestre levou o país a crescer menos, mas as expectativas de inflação já estão estabilizadas (4,5% para 2012), e as projeções de crescimento têm trajetória ascendente: pouco abaixo de 3% em 2011; pelo menos 3,5% em 2012; e 4,5% até 2014.

A contenção de gastos no primeiro semestre também somou e não se impôs sobre a necessidade de investimentos, que estão em alta num panorama de redução do astronômico serviço da dívida interna — hoje acima de R$ 200 bilhões ao ano.

O norte é fortalecer o mercado interno e as relações regionais e do eixo Sul-Sul, pois é nesse caminho que estão nossas possibilidades de crescimento e geração de empregos. Para tanto, dissolver os entraves de infraestrutura é fundamental e, desde o governo Lula, isso tem sido feito -via PAC e “Minha Casa, Minha Vida” e, agora, com o Plano Nacional de Banda Larga e as obras voltadas para a Copa de 2014.

Esses investimentos vieram acompanhados de políticas de desoneração de impostos a alguns setores, de valorização do conteúdo nacional, de estímulo às exportações e de simplificação tributária — seis impostos foram extintos neste mês. Complementarmente, há R$ 25 bilhões da capitalização do BNDES disponíveis para ajudar a financiar nossa expansão — R$ 1,8 bilhão irá para parques eólicos no Rio Grande do Norte. Os movimentos econômicos de 2011 sem dúvida nos deram solidez e ainda mais confiança em nossos fundamentos e potencialidades, tendo em vista o quanto passaram dificuldades as maiores economias.

Cabe a nós ajustar melhor o câmbio e investir pesado em educação, tecnologia e inovação. Sem deixar de olhar o revolto ambiente externo, mas com a certeza de que serão os esforços no plano interno e regional que nos levarão ao desenvolvimento. Aprendemos com 2011 que as respostas estão em nossas mãos. Feliz 2012!

Artigo publicado no jornal Brasil Econômico

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