O colunista Janio de Freitas comentou, nesta terça-feira (31/07), a supervalorização do que a mídia condicionou chamar de “mensalão”. Para Janio, a mídia pressiona o Supremo Tribunal Federal (STF) que julga a Ação Penal 470 a partir do dia 2 de agosto. “Sobre a liberdade dos magistrados de exercerem sua concepção de justiça, sem influências, inconscientes mesmo, de fatores externos ao julgamento, qualquer que seja”. O outro rumo desta pressão é sobre a opinião pública, “que se forma sob as influências do que lhe ofereçam os meios de comunicação”.
Janio avalia que a grande maioria das matérias publicadas nos últimos dias pela mídia indica uma “evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis que devem servir os seus saberes”. Segundo ele, isso significa dizer que a pressão exercida sobre os juízes e a tentativa de indução da opinião pública num determinado sentido inviabilizam o que, afinal de contas, um julgamento deve ser: a análise aprofundada de fatos e provas e, a partir daí, a decisão dos magistrados em cima de fatos, independentemente do que espera a tal “opinião pública”.
“Se há indução de animosidade contra os réus e os advogados, na hora de um julgamento, a resposta prevista só pode ser a expectativa de condenações a granel e, no resultado alternativo, decepção exaltada. Com a consequência de louvação ou de repulsa à instituição judicial”, diz o colunista.
A conclusão do procurador-geral da República, Roberto Gurgel de que “o mensalão é o maior escândalo da história” reforça, segundo Janio de Freitas, o sentido das reportagens e dos comentários mais numerosos. Ou seja, alimenta o “efeito manada”. Diz ainda o colunista que Gurgel “esqueceu” outros episódios bem mais dramáticos da história do Brasil, como o que levou à “República do Galeão” e o escândalo que culminou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. “E agora, à espera do julgamento do mensalão, é que “vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana?, questiona o colunista.
Veja a íntegra da coluna de Janio de Freitas na página da Folha de S Paulo