Antonio Forestieri, jornalista, escreve desde o final dos anos 80, passando por várias das publicações de maior prestígio do Brasil. Sua especialidade é cultura, particularmente música e cinema, temas predominantes de seu blog no portal R7. Forastieri não é petista de carteirinha. Pelo contrário. No texto que se reproduz parcialmente abaixo, ele diz que “não bate palma pra político, não tem partido e não voto”.
Diz isso para enumerar as 13 razões que ele, como editor de cultura, julga sem pouca importância se a nova missão de Marta – como interpretam os jornais desta quarta-feira (12/09) – tem ou não a ver com apoio à candidatura de Fernando Haddad pela prefeitura de São Paulo. “Qual a negociação envolvendo os candidatos à Prefeitura de São Paulo? Que me importa? Os analistas políticos que opinem”, dribla Forasteri em seu texto, que não é todo feito de elogios à senadora do PT. Mas expressa com sinceridade a expectativa que se multiplicou desde que a senadora do PT foi indicada para Ministério da Cultura.
Leia abaixo a íntegra do artigo:
13 razões por que Marta Suplicy tem chance de ser uma ministra da Cultura decente
Não bato palma pra político, não tenho partido, não voto. Também não sou burro nem vivo
Qual a negociação envolvendo os candidatos à Prefeitura de São Paulo? Que me importa? Os analistas políticos que opinem.
Marta prefeita de São Paulo não foi nenhuma oitava maravilha. Comparando com os oito anos de Serra e Kassab, éramos felizes e não sabíamos. Na área cultural, especificamente, a cidade era outra.
Porque ela soube se cercar de pessoas inteligentes, de cabeça aberta. A chegada de Marta dá um peso político ao Ministério da Cultura que ele não teve nem na época de Gilberto Gil, muito menos no de Ana de Hollanda.
Marta tem votos, fama, capital político próprio. Só isso já é um ganho. E ela sabe que cultura não é frufru, é o que somos; não é maquiagem, é DNA.
Marta tem chances decentes de ser uma ministra da Cultura decente, pelas seguintes razões:
Sabe que internet é peça-chave da equação: quando prefeita de São Paulo foram criados os Telecentros, centros de informática para população carente na periferia, para utilização e para cursos;
Sabe que as leis de direitos autorais, copyrights e patentes são obsoletas: nos telecentros só se usava software livre;
Sabe que rap, funk, baile e pichação são cultura, sim, senhor;
Sabe navegar Brasília muito bem;
Família toda na área cultural: ela foi colunista de TV, tem dois filhos músicos (Supla e João) e teve uma nora atriz (Maria Paula). Fora o ex-marido, que arrisca um Bob Dylan de vez em quando;
É paulistaníssima, e São Paulo é o centro cultural do País e nossa única metrópole global;
Criou os CEUs, megaescolas públicas que são polos culturais relevantes;
Fez Sion, psicologia na PUC e pós em Stanford: segura as pontas do lado acadêmico;
Não tem medo nem nojinho de gays, lésbicas, trans e companhia, e muito pelo contrário;
Não é tonta;
Não tem medo de cara feia;
Não tem medo de rico nem de pobre;
Não tem medo de Dilma.
Agora falta ela aprender que videogame também é cultura — aliás, já é, oficialmente, se não sabes, ministra. Pode até ter lei de incentivo. E tem gente boa no próprio Ministério da Cultura trabalhando para que jogos eletrônicos tenham o tratamento que merecem.
Como a gamificação é o futuro do livro, da internet e da educação, é bom a gente correr com isso. Marta é da geração pré-games, claro. Mas mesmo aí ela tem uma boa razão para prestar atenção no poder cultural dos games: netos.
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Foto: Agência Brasil