PEC da Morte

País já sente a devastação da “PEC da Morte”

Os ajustes fiscais de Temer "estão aprofundando as desigualdades socioeconômicas na sociedade brasileira, com impactos desproporcionais, sobretudo para aqueles já em situação de vulnerabilidade”.
País já sente a devastação da “PEC da Morte”

O primeiro Orçamento da União elaborado sob as regras da Emenda Constitucional 95 já demonstra o potencial de dano da medida, promulgada há exatamente um ano (15 de dezembro de 2016). Além de reduzir os recursos para a saúde e a educação, vai faltar dinheiro para apoiar a agricultura familiar, responsável por 70% da comida que chega à mesa dos brasileiros, para a construção de moradias populares e até para programas de combate à violência contra a mulher — no país que registra uma agressão contra elas a cada 4 minutos.

Derivada da chamada “PEC da Morte”, a EC 95, aniversariante do dia, determina o congelamento dos investimentos públicos durante duas décadas e seus efeitos, no ano de estreia, já se constituem num assustador cartão de visitas anunciando o que vem por aí.  Na última quinta-feira (14), a organização Oxfam apresentou à Câmara dos Deputados um estudo realizado em parceria com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e o Centro para os Direitos Econômicos e Sociais (CESR), apontando os danos das políticas de austeridade para o País.

Segundo o documento, os ajustes fiscais de Temer “estão aprofundando as desigualdades socioeconômicas na sociedade brasileira, com impactos desproporcionais, sobretudo para aqueles já em situação de vulnerabilidade”. O estudo lembra que a Emenda Constitucional 95 foi considerada pela Relatoria Especial das Nações Unidas sobre a Extrema Pobreza e Direitos Humanos como “uma medida radical, desprovida de nuance e compaixão”.

[blockquote align=”none” author=”Lindbergh Farias, líder do PT”]Esse é um orçamento criminoso. Como retomar o crescimento econômico sem investimento público? O País vai parar[/blockquote]

Orçamento criminoso
A lei orçamentária de 2018, aprovada pelo Congresso na última quarta-feira (13), é um exemplo concreto dos malefícios dos cortes em políticas sociais. “Esse é um orçamento criminoso”, resume o líder do PT, senador Lindbergh Farias (RJ). “Como retomar o crescimento econômico sem investimento público? Só vai ter dinheiro para pagar juros da dívida. O País vai parar”.

Segundo o estudo divulgado pela Oxfam, a Emenda Constitucional 95 fere diferentes exigências da ONU sobre orçamento e gastos públicos e seu efeito já penaliza “grupos em desvantagem, tais como mulheres negras e pessoas vivendo na pobreza”. As decisões fiscais do governo Temer “colocaram em risco os direitos sociais e econômicos básicos de milhões de brasileiros, inclusive os direitos à alimentação, à saúde, à educação, ao mesmo tempo que exacerbam as desigualdades de gênero, raça e econômica”, afirma a organização.

O estudo aponta, ainda, que haveria alternativas para o controle fiscal fora da lógica de penalizar os que mais dependem dos investimentos públicos. “Há evidências sólidas mostrando que alternativas – tais como uma tributação mais progressiva e o enfrentamento dos abusos tributários – estão disponíveis”.

Para as organizações que realizaram a análise, as medidas de austeridade podem prejudicar os avanços dos últimos anos. “O Brasil obteve significativo progresso no combate à pobreza durante a última década, sobretudo como resultado de investimentos públicos em saúde, educação e proteção social. Não por coincidência, a economia prosperou a partir de uma crescente demanda interna.”

Com informações da Rede Brasil Atual

Leia mais:
Corte em programa de cisternas ameaça o Semiárido
Agricultores temem extinção do Programa de Aquisição de Alimentos
Lindbergh: Temer retira pobres do Orçamento de 2018
Comida mais cara: o resultado dos cortes no Orçamento
Governo de 3% lança plano ‘publicitário’

 

To top