O ano de 2023 marca a celebração do bicentenário do 2 de Julho,
essa que é a maior data da Bahia e o momento em que consolidamos a
verdadeira independência do Brasil. A história mostra que foi em
solo baiano, quase dez meses depois de Dom Pedro proclamar nossa
independência, naquele emblemático 7 de Setembro, que expulsamos, de
fato, as tropas portuguesas dos nossos territórios.
Embora esse episódio tão importante não tenha ainda o merecido
prestígio e reconhecimento em âmbito nacional, o 2 de Julho segue
sendo para nós uma grande inspiração. Tanto por simbolizar o
sentimento de emancipação, esse desejo inegociável de nos tornarmos
uma nação independente, mas também por marcar um momento em que
consagramos definitivamente o Brasil como protagonista de seu próprio
destino.
Dois séculos depois, esse mesmo sentimento marca a nossa luta no
enfrentamento dos desafios apresentados nestes primeiros seis meses de
gestão do novo governo do presidente Lula. Estamos debruçados na
missão de reconstruir um ambiente socioeconômico propício ao
avanço dos projetos de interesse nacional, sejam políticas que
garantam o fortalecimento da nossa economia, com a geração de
emprego e renda para a nossa população, seja a retomada de
investimentos públicos e programas sociais.
Como líder do governo no Senado, essa nobre missão que abracei a
pedido do próprio presidente Lula, tenho insistido diariamente na
importância de retomarmos a plena harmonia entre os poderes da
República. Infelizmente, o estilo do governo anterior contaminou e
deteriorou esse ambiente, de modo que temos hoje o desafio de
reconstruir essas relações, fortalecendo o diálogo e a busca de
consensos.
Embora alguns ajustes ainda sejam necessários, para consolidarmos um
cenário mais favorável a pautas e projetos prioritários, podemos
afirmar com tranquilidade que tivemos um primeiro semestre com saldo
extremamente positivo. Nesse período, conseguimos reestruturar
políticas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o
Mais Médicos e o Programa de Aquisição de Alimentos. Também
retomamos construções de creches e escolas, barateamos a compra de
carros populares, fizemos mutirões para salvar a vida de irmãos
indígenas e proteger suas terras e instituímos um programa de
renegociação de dívidas, mal que abala o sono de 70 milhões de
brasileiros.
A retomada desses programas, diante do cenário de terra arrasada em
que encontramos o Brasil no início do ano, virou uma prioridade
absoluta. Abraçamos o desafio de reconstruir toda a rede de
proteção social que foi destruída pela gestão anterior. E o
sentimento que temos hoje é de missão cumprida, ao vermos que o
retorno dessas políticas foi um passo fundamental para devolvermos
dignidade para milhões de famílias.
O governo federal também direcionou esforços para medidas com
impacto direto na renda da população, como a retomada da Política
Nacional de Valorização do Salário Mínimo, anunciando um aumento
real, acima da inflação, pela primeira vez depois de seis anos.
Além disso, a nova tabela do Imposto de Renda faz com que
trabalhadores, aposentados, pensionistas e outras pessoas físicas que
recebem até 2.640 reais por mês entrem na faixa de isenção,
beneficiando mais de 13 milhões de brasileiros e brasileiras.
São apenas algumas das ações que comprovam, na prática, que o
Brasil voltou a respirar novos ares e a enxergar os trilhos do
crescimento. Neste sentido, é interessante notar hoje a existência
de um sentimento emancipador parecido com aquele que motivou o nosso
povo no processo de independência que culminou naquele histórico 2
de Julho, 200 anos atrás.
A gestão do presidente Lula tem demonstrado plena disposição para
retomar as rédeas do nosso destino e para devolver prosperidade ao
nosso povo. Além disso, conseguimos superar um ciclo de horrores e
retrocessos, marcado por constantes ameaças à democracia e às
instituições. E, para isso, não há melhor inspiração do que o
refrão do Hino ao 2 de Julho, cantado repetidas vezes para nos
lembrar sempre que: “com tiranos não combinam brasileiros,
brasileiros corações”.
Estamos encerrando, portanto, este primeiro semestre com um sentimento
de dever cumprido, mas também com a consciência de que ainda há
muito a ser feito. Que o segundo semestre, que praticamente estreia
com o 2 de Julho, siga inspirado pelo espírito dessa celebração,
por Maria Quitéria, por Joana Angélica, por Maria Felipa, por João
das Botas e tantos outros heróis, anônimos, regentes de nossa
liberdade, independência e busca da justiça, no caminho da união e
da reconstrução do Brasil.
Artigo originalmente publicado na revista Carta Capital