Afronta à soberania

No Senado, Ernesto Araújo explicita subserviência brasileira aos EUA

Bancada do PT fez críticas a postura subserviente do Brasil nas relações com os Estados Unidos na gestão Bolsonaro
No Senado, Ernesto Araújo explicita subserviência brasileira aos EUA

Foto: Agência Senado

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi ouvido nesta quinta-feira (24) pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) para explicar aos senadores as verdadeiras motivações da visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ao estado de Roraima, fronteiriço com a Venezuela. Na oportunidade, Pompeo fez duras críticas ao governo venezuelano.

Ernesto Araújo tentou ao máximo esconder suas posições sobre a Venezuela, mas fez ataques diretos ao governo de Nicolas Maduro chegando chamar o governo do país vizinho de “bando de facínoras”.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) criticou a explicação dada pelo ministro do governo Bolsonaro e reforçou o fato de parecer estranho um representante do governo do Estados Unidos visitar o Brasil próximo das eleições norte-americanas e próximo das eleições venezuelanas.

“O senhor não está numa classe de primário com muitos ingênuos. Tentar nos convencer de que a visita de Mike Pompeo, por incrível que pareça, apenas em países fronteiriços a Venezuela não tenha a ver com as eleições da Venezuela e dos Estados Unidos. Se quiser, pode continuar insistindo”, advertiu.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), a informação do ministro Ernesto Araújo sobre a iniciativa da visita a Roraima ter partido de Mike Pompeo é muito esclarecedora da posição subalterna que o Brasil passou a ter em relação aos Estados Unidos nas relações exteriores.

O senador ainda questionou a dita preocupação do governo Bolsonaro com a situação do povo venezuelano no que tange aos direitos humanos. “Que preocupação é essa com os direitos humanos, que direitos humanos o Brasil defende que ficou calado diante do golpe de Estado na Bolívia e o massacre de camponeses? Um Brasil que se alinha as repúblicas mais atrasadas na defesa da discriminação contra as mulheres e as comunidades LGBT?”, questionou Humberto.

O senador Telmário Mota (PROS-RR) classificou a explicação de Araújo sobre a visita de Pompeo ao seu estado como “coisa para inglês ver” e ao final de sua manifestação ofereceu uma bandeira do Brasil de presente ao chanceler.

“Essa é a nossa bandeira, a bandeira do nosso coração. Essa bandeira [dos Estados Unidos], deixe que os norte-americanos cuidem, essa [bandeira] eles já hasteiam em qualquer lugar. Vamos cuidar da nossa bandeira”, disse.

Foto: Agência Senado

Fracasso de Bolsonaro na ONU
O senador Rogério Carvalho (SE), líder da bancada do PT, teceu críticas ao discurso proferido por Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU que, alinhado ao atual presidente dos EUA, brigou com todo movimento ambientalista, colocou a culpa dos incêndios na Amazônia e no Pantanal nos índios, nos caboclos e nas ONGs ambientalistas. Inclusive, o próprio Ernesto Araújo é defensor da teoria de que o aquecimento global é mera ideologia.

“A imprensa internacional deu grande destaque as inúmeras mentiras ditas por Bolsonaro em seu trágico discurso ante a ONU. Foi algo extremamente constrangedor, que ridicularizou o Brasil no maior fórum mundial. Aos olhos da comunidade internacional foi uma manifestação patética que mostra total despreparo para representar os interesses nacionais”, criticou o líder do PT.

Tentativa de ataque aos governos do PT
Na tentativa de atacar os governos do PT, Araújo disse que o Brasil tinha uma imagem externa ruim, causada pelos casos de corrupção. Em reação, o líder do PT no Senado pediu questão de ordem para desmentir o chanceler:

“O Brasil, nos governos Lula e Dilma, quadruplicou o comércio externo, estabeleceu relações com todos os países do hemisfério sul, pacificou e rearticulou sua relação com os países do continente americano e fortaleceu o Mercosul”, descreveu Carvalho. E continuou: “Peço respeito. Se vamos falar de corrupção, então o senhor precisa explicar a corrupção na família do presidente Bolsonaro”, disse.

To top