Ricardo Velez

“Olavete”, futuro ministro da Educação representa enorme retrocesso

Ricardo Vélez Rodríguez deve representar uma radical guinada na educação brasileira no próximo período
“Olavete”, futuro ministro da Educação representa enorme retrocesso

Foto: Agência Brasil

O colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, futuro ministro da Educação do governo Bolsonaro deve representar uma radical guinada na educação brasileira no próximo período. Indicado por Olavo de Carvalho, um dos expoentes da extrema direita nacional e um dos gurus intelectuais de Jair Bolsonaro, o filósofo Ricardo Vélez Rodríguez já deu depoimentos demonstrando seu apreço pelo golpe militar de 1964, além de ter certa inclinação “antimarxista” e interesse na desconstrução do que seria a “ideologização” nas escolas.

Em nota emitida após ser escolhido para chefiar o ministério, Vélez criticou a “instrumentalização ideológica da educação em aras de um socialismo vácuo” ao longo dos governos petistas. Ele também mostrou afinidade com Bolsonaro e com os movimentos de direita defensores do projeto Escola Sem Partido quando mostrou a pretensão de elaborar normas com o objetivo de “preservar valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora e avessa a experiências que pretendem passar por cima de valores tradicionais ligados à preservação da família e da moral humanista”.

“Como se trata de um outsider, é difícil prever quais medidas ele vai priorizar. Mas, por suas posições, será no mínimo um guardião da ideologia de Bolsonaro”, afirmou Luiz Carlos de Freitas, pesquisador aposentado da Unicamp, em entrevista ao El País Brasil.

Para a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), apesar de parecerem inovadoras, as ideias de Ricardo Vélez, na verdade, “cheiram ao bolor da época da ditadura”.

O novo ministro também já deu indícios de que pretende dar mais autonomia para estados e munícipios. Diante desta perspectiva de o governo deixar de lado o Plano Nacional de Educação (PNE), um conjunto de metas e estratégias elaborado em 2014 que determina as diretrizes da política educacional em todo o País, para um período de dez anos, em prol de uma estratégia de fragmentação, especialistas da área temem uma ruptura brusca com o projeto unificado para o sistema de ensino no Brasil.

“O Governo Federal tem de coordenar a educação por meio de uma estratégia nacional e políticas públicas que visem avanços em larga escala”, apontou Olavo Nogueira Filho, diretor do movimento Todos Pela Educação, em entrevista ao El País Brasil.

Na avaliação do líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), a indicação de Ricardo Vélez, defensor do Escola Sem Partido e da censura à professores em salas de aula representa um grave retrocesso à educação do País. “Ricardo Vélez Rodríguez tem as bênçãos da bancada evangélica, porque é um defensor do chamado projeto Escola Sem Partido”, disse.

O senador ainda critica as posições defendidas por Ricardo Vélez e Olavo de Carvalho acerca da democratização das universidades. Para Carvalho, o ensino médio deveria servir para mostrar aos jovens como ganhar dinheiro colocando em prática seus conhecimentos, usando como exemplo os youtubers.

“Esse parece ser o ideal de educação para o futuro governo. Que exemplo estão dando aos nossos jovens, o de que buscar dinheiro é mais importante do que uma formação sólida. É absolutamente lamentável e deprimente assistir a essa exaltação da burrice. E imaginar que anos atrás nós tínhamos como Presidente um torneiro mecânico, que foi o responsável pela construção do maior número de universidades e escolas técnicas da nossa história”, disse, em referência ao processo de expansão das universidades públicas iniciado pelo ex-presidente Lula.

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