Os que tomam o poder agora serão responsáveis pelo que virá

Franzé Ribeiro é assessor do senador José Pimentel (PT-CE). Acompanhou de perto os bastidores da resistência ao golpe tramado contra a presidenta Dilma Rousseff. Em seu post nas redes sociais, ele lamenta a derrota da democracia. E a Constituição rasgada em pedaços. 

Leia a íntegra: 

Golpe consumado. E agora? 

Não vivi o golpe de 1964. Não presenciei tanques, baionetas e nem fuzis; embora tenha sido afetado na juventude pelos seus efeitos. O que sei sobre esse período, quase tudo, aprendi nos livros de história, nos filmes, nos debates e na militância política. Prestes a completar 50 anos de idade (nasci em 1966), cultivei a esperança de uma democracia sem retrocessos. Mas hoje é um dia triste! O dia em que um golpe midiático-parlamentar-jurídico derruba uma presidenta da República, eleita por 54,5 milhões de brasileiros e brasileiras, sem que haja crime de responsabilidade. A nossa Constituição foi rasgada e os efeitos desse gesto serão sentidos nos próximos anos. Essa história será contada para as próximas gerações. 

Nunca tive a ilusão de que o Partido dos Trabalhadores ficaria no poder para sempre. Sabia que, em algum momento, haveria alternância e outro partido governaria o Brasil. No entanto, me preparei para que isso ocorresse por decisão do eleitor. Seria uma mudança democrática. Mas ver um golpe se concretizar, realmente, não esperava. 

Os que agora, sem legitimidade, tomam o poder serão responsáveis pelo que virá. Parte do plano já foi anunciado. Dentre as medidas vazadas está a retirada de direitos, a venda de patrimônio nacional, a entrega do pré-sal às petroleiras multinacionais, ataques ao Sistema Único de Saúde, o fim do ganho real para o salário-mínimo e a desvinculação com o valor das aposentadorias e pensões, dentre outras ideias extraordinárias de retrocesso. Parabéns aos paneleiros. Os milhões de brasileiros prejudicados se lembrarão da força que vocês deram aos golpistas, ao se aliarem àqueles que sempre concentraram a renda nacional. 

A esperança agora reside na luta diária, quotidiana, para manter o que for possível em meio a tantas perdas previstas. Nessa luta cabem todos os cidadãos e cidadãs que, por meses, defenderam a democracia. Mas cabem também os arrependidos, desde que, para estes, represente uma evolução. Bora? 

 

Franzé Ribeiro, direto do Senado Federal, neste dia sombrio da história nacional.

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