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Paim: “É fundamental engajar agentes de segurança pública na luta antirracista”

Estudo realizado pela Rede de Observatórios da Segurança revela que nas capitais Salvador, Recife e Fortaleza “todas as pessoas mortas pela polícia no último ano são negras”
Paim: “É fundamental engajar agentes de segurança pública na luta antirracista”

Foto: Alessandro Dantas

A Rede de Observatórios da Segurança divulgou nesta terça-feira (14) uma pesquisa que revela que “nas capitais Salvador, Recife e Fortaleza “todas as pessoas mortas pela polícia no último ano são negras”.

O estudo fez um levantamento com os estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

Todas as localidades estudadas apresentaram forte discrepância racial nas operações policiais. Para os pesquisadores, a pandemia agravou problemas já existentes na sociedade brasileira.

Com o título “Pele Alvo: a cor da violência policial”, o estudo foi realizado a partir de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação.

Em entrevista à Fórum, o senador Paulo Paim (PT-RS) comentou os dados revelados pela pesquisa e afirmou “Essas ações [policiais] contra o nosso povo preto e pobre nos chocam e revelam a necessidade de mudanças sérias e urgentes”.

“Percebemos vícios arraigados da mentalidade escravocrata que são refletidos em nossa sociedade. O Estado, que deveria proteger, acaba violando a dignidade dos mais vulneráveis e dos esquecidos por políticas públicas”, diz Paim.

O senador Paulo Paim afirma que acompanha a situação revelada pela pesquisa e afirma que apresentou “quatro propostas para promoção da igualdade no país e aprovamos mais de dez matérias e, entre elas, o PL 5231, que trata a abordagem dos agentes públicos e privados”.

“Com racismo não existe democracia”
Para o senador, é preciso investir na formação dos agentes de segurança pública no que diz respeito à luta antirracista.

“É fundamental engajar agentes de segurança pública e privada na luta antirracista. Incluir conteúdos relacionados aos Direitos Humanos e ao combate a preconceitos nos processos de formação e aperfeiçoamento dos agentes de segurança pública e privada tem o potencial de revolucionar as práticas e rotinas desses agentes, contribuindo para fazer deles atores de transformação, e não mais de reprodução do racismo estrutural da sociedade brasileira”, comenta.

Autor do Estatuto da Desigualdade Racial que, de acordo com Paulo Paim é um instrumento política que serve de “bússola orientativa de políticas raciais, que neste ano celebrou os seus onze anos de idade, mas ainda não foi incorporada nos meandros da nossa federação”.

Por fim, o senador petista afirma que “o Brasil não tem como se desenvolver em sua plenitude, sem enfrentar o racismo, que perpasse por todas as áreas da sociedade, como, por exemplo, a econômica, a política, a social. Precisamos de ações integradas para combatê-lo. Com racismo não existe democracia”.

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