Foto: Agência Senado
Rafael Noronha
07 de dezembro de 2016 | 17h59
Numa nova rodada de debates ocorrida, nesta quarta-feira (07), na sala da Presidência do Senado, lideranças de aproximadamente 40 centrais sindicais e membros do Ministério Público do Trabalho (MPT) conseguiram uma expressiva vitória no que se refere às discussões da tramitação do projeto de terceirização.
Os senadores Paulo Paim (PT-RS), Jorge Viana (PT-AC) e Renan Calheiros (PMDB-AL) concordaram em adiar a análise do Projeto de Lei da Câmara (PLC 30/2015) devido ao conturbado momento político do País.
No encontro, o senador Paulo Paim – relator da matéria – se comprometeu a apresentar o texto de seu relatório aos colegas senadores, possivelmente em reunião de líderes – ainda sem data marcada, para que os parlamentares tenham conhecimento do texto que foi discutido por ele com os trabalhadores, por mais de um ano, em todos os estados do País e no Distrito Federal.
“Nesta reunião acertamos que o projeto da terceirização, maior preocupação das entidades trabalhistas, continuará em debate. O presidente Renan Calheiros e o senador Jorge Viana também ponderaram sobre o momento delicado vivido pelo País. Queiramos ou não, nos últimos oito meses foram afastados o presidente da Câmara, do Senado e a presidenta da República. Em poucos países do mundo se viu tanta crise em tão pouco tempo. Eles também entenderam que o momento é delicado”, explicou Paim.
Para o senador Paim, a realização de mais esse encontro entre as centrais e o presidente e vice do Senado Federal demonstram o apreço que a Casa tem pelas pautas dos trabalhadores. “A terceirização não será votada de forma atropelada. Faremos reuniões, tantas quantas forem necessárias, antes de votar o tema”, disse.
Renan Calheiros também afirmou que, ao contrário da Câmara dos Deputados, o relatório do senador Paim não será votado de afogadilho. “Precisamos de um texto para regularizar a terceirização existente e deixarmos de lado a votação apressada da Câmara e que libera geral a terceirização dos setores público e privado. Precisamos de um encaminhamento racional nesse momento delicado”, disse.
Graça Costa, secretária de relações do trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ressaltou que, pela primeira vez na história do País, um projeto foi discutido em todas as unidades da federação. “Discutimos com todas as centrais sindicais e pudemos mostrar para o senador Paulo Paim a visão dos trabalhadores. Não queremos a precarização que a terceirização traz. Queremos igualdade de direitos. A estratégia é arquivar o PLC 30 e aprovar um substitutivo que garanta o devido respeito aos trabalhadores do País”, resumiu.
Ao final da reunião, o senador Jorge Viana disse que o país nunca precisou tanto das organizações da sociedade civil organizada e afirmou que são fundamentais as manifestações de pensamento contrárias à pauta de projetos contrários aos trabalhadores.
“Devemos ter muita responsabilidade com esse tema para que não sejamos responsáveis por ampliar ainda mais a crise que vivemos. Precisamos garantir os direitos dos trabalhadores. No Senado podemos trabalhar com mais equilíbrio esse tema, sem nenhum açodamento”, apontou.
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