O senador Paulo Paim (PT-ES) citou, nesta segunda-feira (02), matéria veiculada na revista britânica The Economist, no último mês de abril, cujo título “50 anos de soneca” abordou as questões que levam a baixa produtividade do trabalhador brasileiro.
Essa produtividade, de acordo com o senador, é uma medida de eficiência da produção que calcula a relação entre o que é produzido, os meios utilizados, as novas tecnologias, os trabalhadores e o tempo gasto. Isso permite a avaliação do quanto cada fator de produção contribui para produzir uma unidade de riqueza na economia. “Ela é importante porque um aumento na produtividade permite que o PIB de um país cresça sem, necessariamente, depender de desemprego ou de aumento do número de empresas ou fábricas”, explicou.
De acordo com a matéria, o Brasil aparece atualmente em 56º lugar no ranking da produtividade do trabalho, em 2013, do Fórum Econômico Mundial, oito colocações a menos de onde estava no ano anterior. “Se nada for feito, essa situação pode se agravar porque a produtividade nos países desenvolvidos cresce rapidamente. Claro, porque estão atualizando, devido às novas tecnologias, seu maquinário, a forma integrada de produzir”, disse.
Para ter uma ideia, relatou Paim, nos anos de 1980, a diferença entre a produtividade brasileira e a dos países ricos variava entre 180% e 200%. Atualmente, ela chega a ser de 300%, de acordo com os dados do Ipea.
Além dos dados elencados pela semanal, o senador também destacou dados do professor em produtividade, Jorge Arbache. Em artigo para o Valor Econômico, que relacionou, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, em maio passado, com várias explicações para a baixa produtividade brasileira. Dentre os pontos abordados pelo professor estão: gestão deficiente; pequeno engajamento em pesquisas, desenvolvimento e inovação; acanhados investimentos em tecnologias da informação, novas tecnologias e treinamento profissional; e baixa qualificação da força de trabalho.
“Essa baixa produtividade no trabalho aqui no Brasil provoca diversos efeitos nocivos à economia: reduz a competitividade no setor privado, pressiona a inflação e a taxa de juros, inibe o crescimento econômico e, claro, como eu dizia antes, prejudica o nosso PIB”, disse Paim.
Apesar disso, o senador destacou que o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma conseguiram realizar uma política inclusiva, tirando milhões de pessoas da miséria, sem mexer na questão da produtividade. “Mas, agora, parece que isso tem que ser mudado; parece que estamos chegando ao limite desse modelo”, disse. “Se quisermos continuar crescendo, gerando renda e inclusão social, precisamos sair desse sono de 50 anos a que se refere a revista The Economist e aumentar a nossa produtividade”, emendou.
Apesar dos problemas apontados pelo senador, Paulo Paim também aponta que, dentro do País, existem diversos exemplos de empresas em que se pode verificar produtividade qualificada.
“Cito, por exemplo, a fábrica de caminhões da Ford, em São Bernardo do Campo, onde a montadora produz um caminhão a cada 2 minutos e 40 segundos, ou seja, 22 caminhões por hora”, disse. “Esse é um problema que requer o esforço de toda a sociedade brasileira, sobretudo daqueles que possuem responsabilidade, seja ela governamental, seja empresarial ou os próprios trabalhadores”, salientou.